Pfizer enviou carta a Bolsonaro em setembro de 2020 cobrando "celeridade" na negociação da vacina

Segundo o ex-presidente do laboratório, documento também foi endereçado a Mourão, Braga Netto, Pazuello, Guedes e embaixador nos EUA. Texto ficou sem resposta por dois meses

Reprodução/TV Senado
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Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, nesta quinta-feira (13), Carlos Murillo, gerente-geral da Pfizer na América Latina e ex-presidente do laboratório, confirmou o envio de uma carta ao presidente Jair Bolsonaro, assim como outros membros do governo, cobrando "celeridade" na aquisição das doses da vacina. O documento ficou sem resposta por dois meses.

De acordo com Murillo, a carta levou assinatura do CEO da Pfizer, Albert Bourla, e também foi endereçada ao vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, ao chefe da Casa Civil, general Walter Braga Netto, ao ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e ao embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Nestor Foster.

O documento pede que o governo brasileiro tenha "celeridade" na aquisição das doses por conta da alta demanda de outros países e ao número limitado de doses do imunizante em 2020. O texto também cita ofertas anteriores feitas ao Brasil, relatando, inclusive, reuniões com o Ministério da Saúde.

"Minha equipe no Brasil se reuniu com representantes de seus Ministérios da Saúde e da Economia, bem como com a Embaixada do Brasil nos Estados Unidos. Apresentamos uma proposta ao Ministério da Saúde do Brasil para fornecer nossa potencial vacina que poderia proteger milhões de brasileiros, mas até o momento não recebemos uma resposta. Sabendo que o tempo é essencial, minha equipe está interessada em acelerar as discussões sobre uma possível aquisição e pronta para se reunir com Vossa Excelência ou representantes do Governo Brasileiro o mais rapidamente possível", diz o documento.

No depoimento, Carlos Murillo confirmou que a primeira oferta feita pelo laboratório ao Ministério da Saúde para venda de vacinas contra a Covid-19 aconteceu no dia 14 de agosto de 2020. Outras duas ofertas foram feitas, nos dias 18 e 26 do mesmo mês, mas teriam sido ignoradas pelo governo Jair Bolsonaro. O executivo ainda listou outras ofertas feitas pelo laboratório.