O drama e a luta contra o aquecimento global no Pacífico

As ilhas do Pacífico são responsáveis por apenas 0,006% das emissões de gases-estufa e, no entanto, sofrem as piores consequências das mudanças climáticas

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As ilhas do Pacífico são responsáveis por apenas 0,006% das emissões de gases-estufa e, no entanto, sofrem as piores consequências das mudanças climáticas Por Vinicius Gomes Foi no final de 2009, quando na COP-15 a cúpula sobre a mudança climática em Copenhague, na Dinamarca, que Ian Fry, o representante do pequeno arquipélago de Tuvalu, no oceano Pacífico, roubou a cena ao fazer um apelo com lágrimas nos olhos aos 192 países participantes que tomassem medidas para evitar o desaparecimento de seu país, freando o aquecimento global. Essa foi a primeira vez que muitas pessoas passaram a notar com mais atenção à região sul do Oceano Pacífico, ao leste da Austrália e Nova Zelândia. Os países que formam o restante do continente da Oceania são os primeiros na linha de frente quando o assunto é o aumento do nível do mar. No caso de Tuvalu, sua altitude máxima não passa mais do que meros cinco metros acima do mar. O derretimento dos polos cada vez mais acelerado diminui a contagem regressiva para os 11 mil habitantes do país oceânico, que, segundo estudos, poderá desaparecer até 2050. Isso foi há cinco anos e pouca ou quase nenhuma ação foi tomada em relação ao apelo da ilha de Tuvalu. Por isso, dois países “vizinhos” resolveram chamar a responsabilidade de seu destino para si e a adotar leis ambientais que podem ser consideradas pioneiras e servirem de exemplo para outros países. As nações também insulares de Fiji e Micronésia também sofrem com o avanço do mar. No caso da primeira, tal avanço contamina fontes de água doce e terras agrícolas e torna inabitáveis vastas faixas costeiras; considerando que a sobrevivência de cerca de 870 mil pessoas - é precária, o governo trabalha na primeira política nacional da região para atender aos desafios da migração interna, último recurso para a adaptação: o reassentamento das populações afetadas dentro do próprio país, considerando princípios como o consentimento, a participação e a propriedade comunitária, benefícios equitativos para todos, incluídos os grupos sociais mais desfavorecidos, e todas as questões vinculadas à mudança climática se integrando ao planejamento e ao orçamento nacional.. Além do aumento do nível do mar, Fiji também está sujeita a ciclones, inundações, terremotos e tsunamis. No caso da Micronésia, um dos conjuntos de ilhas que ficam a meio caminho entre Ásia e Austrália, foi adotada uma nova lei que obriga o Estado a adaptar todas suas políticas e ações do setor público tendo em vista a mudança climática – isso inclui: transporte, saúde, educação, finanças e infraestrutura; além dos próprios órgãos ambientais e gestão de desastres naturais. Dessa maneira, ambos os países fazem engrossam ainda mais o coro dos Estados insulares do Pacífico quanto a necessidade de enxergar a mudança climática não apenas como uma questão ambiental, mas de fato, um importante obstáculo ao desenvolvimento econômico da região e um terrível perigo para seus habitantes. Com informações de IPS/Envolverde Foto de Capa:  Rodney Dekker