Polícia Federal realiza reintegração de posse de fábricas ocupadas

Na quinta-feira, 31, pela manhã, a Policia Federal executou o pedido judicial de reintegração de três fábricas ocupadas, duas em Joinville (SC) e uma em Sumaré (SP). As fábricas estavam sob controle dos trabalhadores desde 2002.

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Na quinta-feira, 31, pela manhã, a Policia Federal executou o pedido judicial de reintegração de três fábricas ocupadas, duas em Joinville (SC) e uma em Sumaré (SP). As fábricas estavam sob controle dos trabalhadores desde 2002.

Por Redação

Na quinta-feira, 31, pela manhã, a Polícia Federal executou o pedido de intervenção judicial no grupo Cipla. A ordem expedida pelo juiz Osiel Francisco de Sousa, da vara federal de execuções fiscais de Joinville, decreta a reintegração de posse das três fábricas ocupadas, Cipla, Interfibra e a Flaskô, esta última em Sumaré, grande São Paulo, e a substituição da comissão de trabalhadores, que administrava o conglomerado, por um interventor nomeado pelo juiz. O objetivo da medida é assegurar o cumprimento da decisão de penhora de 5% do faturamento da empresa, para pagamento de dívidas com órgãos da União.

Segundo Serge Goulart, da coordenação dos conselhos das fábricas ocupadas, ontem, pela manhã, os trabalhadores foram surpreendidos por um contingente de 150 policiais, fortemente armados, que invadiram a fábrica e realizaram a reintegração de posse. “Neste momento a PF se encontra dentro da fábrica e os trabalhadores da Cipla e Interfibra estão realizando um ato de repúdio”, afirma Goulart.

Segundo a coordenação, o juiz concedeu a ordem judicial a pedido do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), por entender que a intervenção é necessária à garantia de eficácia da decisão anterior. Segundo o juiz, embora a comissão venha dirigindo o grupo a mais de cinco anos, “nada de concreto foi feito para diminuir o tamanho da dívida fiscal das empresas”.

Na Flaskô, em Sumaré grande São Paulo, Pedro Santinho, coordenador do conselho, afirma que os trabalhadores estão realizando um ato em frente a fábrica para garantir que não seja realizado a reintegração de posse.

Histórico

Em 2002, trabalhadores da Cipla e Interfibra, fábricas de material plástico localizadas em Joinville (SC), entraram em greve devido ao atraso nos pagamentos de salários e direitos trabalhistas, como INSS e Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que não estavam sendo cumpridos pelos proprietários.

Após negociação, os proprietários afirmaram que não poderiam pagar o que deviam. As ações das fábricas foram entregues aos trabalhadores, que passaram a administrar a empresa e retomaram a produção. Segundo a comissão dos trabalhadores as dívidas contraídas pela fábrica no período anterior, giram em torno de R$ 500 milhões e ameaçam o fechamento. A comissão dos trabalhadores aponta como única alternativa: a estatização da fábrica.

Outras experiências de fábricas gerenciadas por trabalhadores e que apontam a estatização como solução surgiram no país como Flakepet (Itapevi-SP), Ellen Metal (Caieiras/SP), Botões Diamantina (Curitiba-PR), Fibracoco (IgaraçuPE) e Cozinhas Oli (Hortolândia-SP).