Polícia conclui investigação sobre racismo sem ouvir a vítima

Um homem negro denunciou em junho deste ano ter sido perseguido por segurança do Hotel Renaissance, em São Paulo, ao procurar um local para jantar

Homem negro foi perseguido por segurança do hotel ao procurar local para jantar/Foto: reprodução redes sociais
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A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (DECRADI) encerrou uma investigação de denúncia de racismo no Hotel Renaissance, em São Paulo, sem ouvir a vítima.

Em junho deste ano, o massoterapeuta carioca Augusto Queiroz denunciou o estabelecimento por ter sofrido discriminação racial ao ser perseguido pelo segurança do hotel ao procurar um local para jantar.

De acordo com a vítima, a delegacia despachou a investigação para o Ministério Público após ouvir apenas o segurança e o gerente do hotel.

Ao portal Alma Preta, Augusto Queiroz afirmou que a DECRADI não quis ouvi-lo. "Dentro do meu ponto de vista ela [a delegacia] teve uma atitude racista também. Eu sinto que não me permitem ter voz e que estão querendo me abafar por ser um homem negro da periferia do Rio de Janeiro", criticou Queiroz.

O advogado Caio Cortez, presidente da Comissão de Promoção da Igualdade Racial da OAB-SP, explica que entrou com uma notícia crime contra o hotel Renaissance para a apuração da prática do delito de crime de racismo, de acordo com o artigo 20 da Lei 7.716/89.

Para a defesa de Queiroz, não é de praxe o inquérito ter sido concluído sem ouvir a vítima. Ainda que haja os relatos da vítima na notícia crime, o esperado é que o ofendido seja ouvido.

O Código Penal afirma que o ofendido deve ser ouvido pela autoridade policial assim que houver conhecimento da prática de infração penal, o que não aconteceu no caso de Augusto.

Por conta disso, a defesa de Queiroz apresentou um requerimento para que a investigação retorne para a delegacia de crimes raciais e que a polícia cumpra o que determina o Código Penal, ou seja, ouvir o relato da vítima.

O caso

Na noite de 14 de junho, o massoterapeuta Augusto Queiroz foi perseguido por um segurança em vários ambientes do Hotel enquanto procurava um local para jantar dentro do estabelecimento.

Por meio de uma nota, o hotel Renaissance afirmou que não iria se pronunciar sobre o caso devido à investigação policial, mas que está empenhado em garantir uma confortável e memorável para os hóspedes e visitantes.

Com informações do Alma Preta.