Prefeitura de SP vai utilizar vans escolares para transportar corpos de vítimas de Covid-19

O presidente da União Geral dos Transportes critica valores pagos e afirma que os trabalhadores da categoria estão sendo explorados

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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A prefeitura da cidade de São Paulo, governada por Bruno Covas (PSDB), vai utilizar vans escolares para transportar os corpos das vítimas de Covid-19. A decisão foi tomada por causa do aumento dos enterros. A prefeitura contratou 50 carros particulares que serão adaptados para o serviço funerário. Em nota, a prefeitura informou que serão "50 veículos particulares dos tipos van, minivan ou furgão, com a altura de até 2,51m e quatro veículos de passeio".

Para a locação das vans foi contratada a empresa Era Técnica Engenharia Construções e Serviços que, por sua vez, contratou alguns motoristas do transporte escolar que estavam parados por causa da suspensão das aulas presenciais.

Os veículos serão adaptados, os bancos retirados e o adesivo amarelo, que fica na lateral e o identifica como transporte escolar, também será retirado. 50 motoristas foram contratados. De acordo com G1, a procura foi três vezes maior que o número de vagas disponíveis e 150 motoristas se apresentaram para a contratação.

Os profissionais contratados vão receber até R$ 28 por hora, sendo que a previsão de trabalho é de 10 a 12 horas por dia. Após o fim do período de trabalho, a Prefeitura vai higienizar os veículos usados para o transporte de corpos.

O governo municipal também revelou que "além desses, foram alugados mais 4 veículos de passeio para transporte dos agentes funerários. Com essa medida, o Serviço Funerário, que atualmente conta com 45 veículos, dobra o número de carros".

A suspensão das aulas presenciais afetou diretamente o trabalho dos profissionais de transporte escolar, que tiveram os seus rendimentos reduzidos a quase nada.

"Eu arrumei um serviço pra ganhar R$ 1.500, meu carro ano passado faturava R$ 10 mil, R$ 11 mil, por mês. Mas eu estou ficando na casa dos meus pais porque eu não tenho condições nem de pagar as despesas pra minha casa", disse Sandra ao G1, que é motorista de van escolar há 20 anos e que participou da reunião de inscrição para transportar os caixões.

O presidente da União Geral do Transporte Escolar de São Paulo (UGTESP), Anderson Malafaia, afirmou que a categoria está sendo explorada. "Trabalhar as 10 horas por dia, você via ter uma receita líquida de R$ 150. R$ 150 com a despesa que você tem com a sua van para trabalhar de forma clandestina, transportando corpos, você teria que trabalhar 10 dias só para pagar essa despesa. Fico de coração partido vendo a nossa categoria ser explorada dessa forma", comentou Malafaia.

Com informações do G1.