Presenças de Lady Gaga e da poeta Amanda Gorman na posse de Biden representam ruptura com a pauta obscurantista de Trump

A posse do novo presidente dos EUA esteve repleta de simbologias que podem ser entendidas como avisos do tipo de governo que vem por aí

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A posse do novo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que foi realizada ontem (20), esteve repleta de simbolismos políticos que devem servir como parâmetros ideológicos do que governo que vem por aí.

A escolha de Lady Gaga para cantar o hino nacional pode ser interpretado como um recado objetivo do novo governo de deixar para trás as políticas LGBTfóbicas do governo Trump. Porém, não apenas: Gaga esteve presente na primeira manifestação de mulheres contra o Trump.

Além de ter sido opositora declarada de Trump, Lady Gaga é também conhecida por ser, atualmente, uma das artistas referência para a comunidade LGBT dos EUA, mas também em vários cantos do mundo.

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Joe Biden, durante as prévias democratas e, posteriormente, na campanha, fez reiteradas declarações de que sua gestão seria um marco no que diz respeito as políticas LGBT, de gênero, raça e imigração.

O novo presidente assumiu dois compromissos durante a campanha: revogar o decreto de Trump que proíbe pessoas transexuais de servirem as Forças Armadas e encaminhar para a Câmara o Ato de Igualde, conjunto de leis pró-LGBT, nos primeiros 100 dias.

Outro simbolismo político presente na posse de Biden, foi a presença da socióloga (Harvard) e poetisa Amanda Gorman que, com 22 anos de idade se tornou a mais jovem escritora a ler um poema durante a posse de um presidente nos EUA.

Para a ocasião, Gorman, que também é ativista pelos direitos da pessoas negras, leu o poema "The hill we climb", que trata, justamente, de deixar as divisões para traás e construir uma sociedade que tenha como base a união. Aliáss, a palavra "união" foi uma das mais utilizadas por Joe Biden na posse.

Em livre tradução, o poema se chama "A colina que escalamos": "Onde nós podemos encontrar a luz nessa sombra que nunca acaba? / Na barriga da Besta, nós aprendemos que calma nem sempre significa paz/ A noção do que é justiça, nem sempre representa o que é a Justiça/ Não sabemos como, mas, sabemos que temos uma missão que está inacabada/ Vimos uma floresta que destruiria nossa nação em vez de compartilhá-la. Destruiria nosso país se isso significasse atrasar a democracia. Este esforço quase teve sucesso".

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As presenças de Lady Gaga e Amanda Gorman vão ao encontro de ações que Biden tomou antes da posse: a presença de LGBT, negros e mulheres em postos chaves na equipe de transição e, posteriormente, com a nomeação dos grupos historicamente excluídos e perseguidos para cargos do alto escalão de seu governo.

É fato que a representatividade e a presença das chamadas “minorias sociais” na linha de frente do governo Biden não resolvem os problemas e nem faz do novo governo dos EUA menos equivocado com algumas posturas, principalmente no que diz respeito as políticas internacionais: logo no primeiro dia reconhecer Guaidó como o “presidente” da Venezuela.

Mas, se erra na política com a Venezuela, já sinaliza qual será a sua postura na Organização Mundial de Saúde (OMS): Anthony Fauci, o imunologista norte-americano, falou no órgão em nome do governo Biden e afirmou que a Casa Branca voltará a defender que temas como saúde reprodutiva e direitos sexuais voltem para a agenda global.

Todos esses símbolos, mais a presença de Kamala Harris na vice-presidência, marcam uma ruptura do governo Biden com a pauta obscurantista de Donald Trump e, consequentemente, com os apoiadores do ex-presidente dos EUA, entre eles o presidente do Brasil, Jari Bolsonaro que, para especialistas, isolou o Brasil no cenário internacional.

Se em 2016 a vitória de Trump serviu de combustível para a ascensão de outros líderes da extrema direita no Ocidente, a vitória de Biden pode ser lida da mesma maneira: ao levar para a linha de frente as políticas LGBT, anti-racismo e de gênero, a gestão do democrata pode servir de modelo e exemplo para aqueles que vão disputar a liderança de seus respectivos países.