Prisão de Jorge Zelada, indicado pelo PMDB, pode respingar em Cunha e Renan

Zelada foi denunciado por superfaturar um dos contratos com a Samsung Heavy Industries. Eduardo Cunha e o PMDB também foram apontados em esquema de contrato de navios plataforma da empresa com a Petrobras

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Zelada foi denunciado por superfaturar um dos contratos com a Samsung Heavy Industries. Eduardo Cunha e o PMDB também foram apontados em esquema de contrato de navios plataforma da empresa com a Petrobras Por Patricia Faermann, no Jornal GGN A Polícia Federal deflagrou mais uma fase da Operação Lava Jato, na manhã desta quinta-feira (02). Denominada "Conexão Mônaco", a equipe prendeu preventivamente o ex-diretor da área internacional da Petrobras, Jorge Zelada, indicado pelo PMDB ao cargo. A operação possivelmente respingará nos presidente da Câmara e do Senado - ambos apontados nas denúncias do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, como "cabeças" do envolvimento do PMDB no esquema de corrupção da Petrobras. E ocorre um dia após a "vitória" de Eduardo Cunha na Câmara, com a aprovação da redução da maioridade penal por crimes hediondos. A imprensa divulgou a 15ª etapa da Lava Jato sem estabelecer as ligações de Zelada com o então diretor da área internacional da estatal, Nestor Cerveró, entre 2003 e 2008, também indicado pelo PMDB e ambos com amplo acesso pelos mais influentes do partido. Uma das motivações para a prisão de Zelada foi sua ligação com o consultor Raul Schmidt Felippe Júnior, que trabalhou para o estaleiro coreano Samsung, em um contrato em que surgiram indícios de pagamento de propina. Autoridades de Mônaco investigaram Zelada e descobriram sua relação com Raul Schmidt, em negócios particulares. Schmidt também teria atuado em uma complexa operação financeira que resultou em um depósito de US$ 2 milhões para outro ex-diretor da Petrobras, Renato Duque, em Mônaco, com a origem do dinheiro partindo da Samsung, beneficiada por um contrato que teria gerado propina de R$ 118 milhões. Sobre um episódio da relação da Samsung Heavy Industries com o esquema de corrupção da Petrobras, em delação premiada de outubro de 2014, o doleiro Alberto Youssef disse aos investigadores que Paulo Roberto Costa também intermediou o aluguel de um navio plataforma junto à área internacional, em contrato formalizado entre a Samsung e a Petrobras, com participação da Mitsue - empresa do lobista Julio Camargo - e que "para viabilizar a assinatura do contrato com a Samsung foi demandado que Julio Camargo repassasse para o PMDB um percentual de vantagem indevida a integrantes do partido PMDB, notadamente o deputado federal Eduardo Cunha". Zelada foi preso sob suspeita de crimes de corrupção, fraude em licitações, desvio de verbas públicas, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Ele assumiu o cargo após a saída de Cerveró, de 2008 a 2012. Ainda hoje, Jorge Zelada será levado para a sede da Polícia Federal em Curitiba, onde se concentram as investigações da Justiça Federal do Paraná, sob o comando de Sergio Moro. Leia a petição protocolada pelo PGR ao STF, em que aponta os episódios da Samsung com Eduardo Cunha e membros do PMDB. Fotomontagem: Jornal GGN