Procurador diz que Youssef mentiu na delação do caso Banestado

"Trabalhei na primeira delação e ele mentiu", diz Vladimir Aras. Ex-ministro Gilson Dipp emitiu parecer no qual constata que a delação de Youssef na Lava Jato é "imprestável"

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"Trabalhei na primeira delação e ele mentiu", diz Vladimir Aras. Ex-ministro Gilson Dipp emitiu parecer no qual constata que a delação de Youssef na Lava Jato é "imprestável" Por Jornal GGN Em seminário promovido nesta quinta-feira (7) em São Paulo, o procurador da República Vladimir Aras disse que o doleiro Alberto Youssef mentiu na primeira delação premiada que assinou, há 12 anos, época do caso Banestado. Segundo a colunista Vera Magalhães, Aras declarou: "Trabalhei na primeira delação dele e percebe-se que, de fato, ele mentiu." Youssef é um dos principais delatores da Operação Lava Jato, que investiga o esquema de desvio de recursos da Petrobras que envolve empreiteiras, políticos e ex-dirigentes da estatal. Parte da defesa dos réus sustenta que, em alguns casos, o Ministério Público Federal e a Procuradoria Geral da República não tiveram critérios objetivos e apresentaram denúncias apoiadas majoritariamente em delações. No mesmo evento noticiado pelo Painel da Folha, o juiz Fausto de Sanctis, que comandou a Satiagraha, fez ressalvas ao uso de delações premiadas. "O que o delator fala tem de ser confirmado por outras provas." No mesmo dia, o Consultor Jurídico publicou que o jurista e ministro aposentado Gilson Dipp, a pedido da defesa de réus da Galvão Engenharia, emitiu um parecer no qual analisou que as novas acusações de Youssef são, portanto, "imprestáveis", já que ele quebrou a confiança da Justiça. Para Dipp, as autoridades da Lava Jato simplesmente desconsideraram, ao firmar o novo acordo de delação premiada com Youssef, que ele descumpriu o pacto anterior e, dessa maneira, não preenche o requisito de credibilidade para receber benefícios da Justiça. "Uma vez quebrada a confiança, não há mecanismo jurídico ou processual capaz de restabelecê-la", menciona em trecho do parecer anexado ao final deste texto. O parecer foi enviado, junto a um pedido de Habeas Corpus da Galvão, ao Supremo Tribunal Federal na tentativa de anular a delação premiada do doleiro e, por tabela, todas as provas produzidas a partir dos seus depoimentos. A primeira delação Em 2003, Youssef prometeu deixar atividades de lavagem de dinheiro e remessas ilegais ao exterior quando assinou a primeira delação, no chamado caso Banestado. Em 2014, o juiz federal Sergio Moro, da 13ª Vara de Curitiba, considerou quebrado o acordo, pois o MPF entendeu que o doleiro continuou no crime. Ainda assim, sete dias depois, o próprio Minsitério Público deu uma segunda chance, em troca de informações sobre o esquema na Petrobras. Na visão de Dipp, a delação de Youssef na Lava Jato “mostra-se imprestável por ausência de requisito objetivo — a credibilidade do colaborador — e requisito formal — omissão de informações importantes no termo do acordo."

Arquivo

Foto: Alberto Youssef sendo preso pela Polícia Federal (André Richter - Enviado Especial da Agência Brasil/EBC)