Quando São Paulo era mais colorida e gentil

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“Os carros dos anos 70 deixavam a cidade mais colorida. Até nisso São Paulo encaretou: hoje o trânsito é cinza.” Essa observação sobre a capital paulista, seguida de uma foto de 40 anos atrás, é uma das lembranças trazidas por Martin Jayo, no blog “Quando a cidade era mais gentil”. Jayo é professor de gestão de políticas públicas da USP, e desde dezembro de 2011 publica histórias de São Paulo.

[caption id="attachment_329" align="alignleft" width="382"] Foto publicada em fuscaclassic.blogspot.com e em saudadesampa.nafoto.net, mas nenhum dos dois cita a fonte.[/caption]

A iniciativa nasceu em 2010 como um álbum de fotos no Facebook, mas fez mais sucesso do que o próprio Jayo esperava, inclusive com colaborações de amigos (reais e virtuais), que começaram a enviar imagens de quando São Paulo era, no mínimo, mais calma. As fotografias trazem de volta um tempo em que a cidade tinha, além de carros coloridos, cinemas de rua e casarões na avenida Paulista. Traz também publicidades do mercado imobiliário da época.

Em 1961, por exemplo, era lançado o edifício Beliseo, com o nome errado na propaganda (Belisco)! O marketing imobiliário se referia ao prédio na rua Caio Prado como um “majestoso edifício”, com “espetacular localização”. Outra propaganda é do edifício Pacaembu, na avenida General Olímpio da Silveira, em 1950. “Há aqui tanta alegria… quanto confôrto, beleza e poesia!”, dizia o anúncio.

Outra postagem curiosa do blog traz uma matéria publicada em 1969 na revista Manchete, que comemorava a construção da praça Roosevelt, recém-revitalizada, cujo título era “Uma cidade mais humana: Pela audácia de sua concepção arquitetônica, a Praça Roosevelt é um resumo da nova São Paulo”.

O blog também reúne outros anúncios bem interessantes como sobre o lançamento da primeira linha de ônibus para o Morumbi, em 1955, e sobradinhos geminados na rua Tabapuã, no Itaim Bibi, quando eles eram “uma opção de moradia para a classe média que não podia pagar muito”.

O Minhocão, hoje tão criticado, foi anunciado no jornal Folha de S. Paulo, em 24 de janeiro de 1971, dia de sua inauguração. Um dos anúncios, publicado pela prefeitura, convidava a população para a “solenidade” e dizia que o nome do elevado “eternizará um dos grandes nomes da Revolução de 1964”. “Nesse ponto o anúncio estava certo: nada em São Paulo eternizou tão bem o autoritarismo e a violência como essa obra”, analisa Martin Joyo. Só para lembrar, veja abaixo como era a praça Marechal Deodoro, antes da construção do elevado. Bem melhor, não?

[caption id="attachment_328" align="alignleft" width="545"] (A foto de 1942, de Benedito Junqueira Duarte, é do acervo da Casa da Imagem.)[/caption]