Quase 1 milhão abandonam medidas para evitar coronavírus em uma semana, diz IBGE

Com eles, já são 7,4 milhões de brasileiros que deixaram de adotar cuidados para barrar contágio

Movimento de pedestres na Paulista no último domingo de setembro (Foto Roberto Parizotti/Fotos Públicas)
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Enquanto os países europeus adotam novas medidas de restrição de circulação para evitar o contágio pelo novo coronavírus, no Brasil parece que a pandemia acabou.

Na pesquisa PNAD Covid-19, divulgada nesta sexta-feira (16), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que, na quarta semana de setembro, aumentou o número de pessoas que não tomou nenhuma medida de restrição para evitar se contaminar pelo Sars-Cov-2, o novo coronavírus. Esse contingente cresceu 937 mil em uma semana, chegando a 7,4 milhões de pessoas.

Uma combinação de queda no número de casos e mortes por Covid-19 e medidas de flexibilização das atividades pode explicar esse abandono gradativo dos cuidados para evitar a doença.

 O IBGE mostrou ainda que o grupo de pessoas que ficou rigorosamente isolado (31,6 milhões) diminuiu em 2,2 milhões, na comparação com a semana anterior.

A maior parte da população (86,7 milhões) afirmou ter reduzido o contato com outras pessoas, mas continuou saindo de casa ou recebendo visitas na quarta semana de setembro, 1 milhão a mais na comparação com a semana anterior.

Já quem ficou em casa e só saiu em caso de necessidade somou 84,6 milhões. Esse número ficou praticamente estável em relação à semana anterior.

Ou seja, somente os números de quem está flexibilizando o isolamento e o distanciamento social crescem.

“Efeito Bolsonaro”

Nesta semana, um estudo realizado da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em parceria com o Instituto Francês de Pesquisa e Desenvolvimento (IRD), mostrou que a influência das atitudes do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) negando a gravidade da pandemia de Covid-19 sobre seus seguidores é grande.

Os pesquisadores chamaram essa ascendência de “Efeito Bolsonaro”: quanto mais votos uma cidade deu a ele no primeiro turno, maior o número de casos confirmados de pessoas infectadas pelo novo coronavírus.

Para cada 10 pontos percentuais a mais de votos para o militar reformado, a cidade tem um acréscimo de 11% no número de casos e de 12% no número de mortos por Covid-19.