Irritado, Queiroga diz que "ministro da Saúde não é despachante da Anvisa"

Atritos entre a agência e o governo têm se intensificado nas últimas semanas, principalmente após Bolsonaro divulgar uma carta questionando os interesses da Anvisa em aprovar a vacinação pediátrica contra a Covid-19

Marcelo Queiroga (Fotos: Walterson Rosa/MS)
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Irritado com as críticas pela demora na vacinação de crianças contra a Covid-19, que começou somente neste sábado (15), um mês depois da autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou hoje que "não é despachante de decisão da Anvisa".

Apesar de ter sido um dos responsáveis pelo atraso, já que fez diversas manobras para que a vacinação pediátrica não acontecesse no Brasil, incluindo uma consulta pública, Queiroga disse que "trabalha diariamente para ter um bom julgamento da história".

"O Ministério da Saúde é quem conduz a política pública e o ministro da Saúde é a principal autoridade do sistema de saúde do Brasil. E eu, como ministro da Saúde, procuro atuar de acordo com a administração pública: moralidade, legalidade, transparência, publicidade e impessoalidade. A história vai me julgar e eu trabalho diariamente para ter um bom julgamento da história", afirmou a jornalistas.

Atritos de Bolsonaro com a Anvisa

Nos últimos dias, o governo aprofundou seu atritos com a agência. Na última quinta-feira (6), durante uma entrevista para o canal de TV Nova Nordeste, Bolsonaro questionou os interesses da Anvisa em aprovar a vacinação infantil contra a Covid, dando a entender que o órgão estivesse envolvida com atos corruptos.

“Você vai vacinar o teu filho contra a algo que o jovem por si só, uma vez pegando o vírus, a possibilidade dele morrer é quase zero? O que que está por trás disso? Qual o interesse da Anvisa por trás disso aí? Qual o interesse das pessoas taradas por vacina?”, havia questionado o chefe do Executivo.

Diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres respondeu, com uma nota em que desafiou o presidente a apresentar algum documento que indique que ele tenha cometido algum tipo de corrupção na condução da Anvisa.

“Carta agressiva, não tinha motivo para aquilo. Eu falei ‘o que está por trás do que a Anvisa vem fazendo’, ninguém acusou ninguém de corrupto. Por enquanto, não tenho o que fazer no tocante a isso aí”, declarou Bolsonaro em entrevista ao programa “Os Pingos nos Is”, da rádio Jovem Pan.