Quem é Ted Cruz, o conservador que derrotou Donald Trump em Iowa

Senador do Texas tem apoio do Tea Party, é contra o controle de armas, o casamento gay e o aborto, e diz não haver "evidências científicas conclusivas" sobre mudanças climáticas

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Senador do Texas tem apoio do Tea Party, é contra o controle de armas, o casamento gay e o aborto, e diz não haver "evidências científicas conclusivas" sobre mudanças climáticas Por Redação* Contrariando as pesquisas, o senador do Texas Ted Cruz derrotou o empresário Donald Trump no caucus de Iowa, em votação realizada nesta segunda-feira (1º). Com 28% dos votos, ele vai levar oito delegados para a convenção que vai decidir o candidato do Partido Republicano à presidência dos EUA, um delegado a mais que o segundo colocado, Trump. O terceiro colocado, Marco Rubio, também sai do estado com sete delegados. Ted Cruz nasceu em Calgary, no Canadá, e é filho de uma programadora de computador, Eleanor Cruz, e de um cubano refugiado, Ted Cruz, hoje um pastor cristão em Dallas. É formado em Direito e foi representante legal da Associação Nacional de Rifles, tendo defendido o impeachment do então presidente Bill Clinton nos anos 1990. Auxiliou legalmente o então candidato George W. Bush em 1999 no caso da recontagem de votos da Flórida e, mais tarde, atuou em prol do lobby das armas. Em 2008, retornou à advocacia privada defendendo companhias como a Pfizer, B Braun Medical Inc e Toyota. Leia também: 11 chaves para entender as eleições primárias nos Estados Unidos Conseguiu se eleger senador pelo estado do Texas em 2012, aproveitando a onda do Tea Party e contando com o apoio de Sarah Palin e outros ícones da direita. Desde que chegou ao Senado, em 2013, fez discursos duros e inflamados, e chegou a chamar Mitch McConnell, líder republicano na Casa, de "mentiroso", em evidente quebra do decoro parlamentar. Por esse e outros motivos acabou sem aliados na Casa, fato que ele justifica por se posicionar contra o que chama de "cartel de Washington". Nesse período, no entanto, seu principal alvo foi o presidente do país, Barack Obama, acusado pelo parlamentar de ser o "principal financiador mundial do terrorismo islâmico radical". Sua pretensão de ser candidato à presidência não foi endossada por nenhum de seus colegas do Senado, mas ele conseguiu assegurar o apoio das alas evangélicas de seu partido e do Tea Party. Esse apoio e a vantagem de Donald Trump no cenário nacional praticamente o deixavam com a obrigação de vencer no caucus de Iowa, estado em que os evangélicos representam dois terços da população . E ele conseguiu. O triunfo lhe dá gás para a disputa em New Hampshire, no dia 9 de fevereiro, apesar de o resultado também impulsionar Marco Rubio. Contra o controle de armas, o casamento gay e o aborto As posições de Cruz o situam no espectro mais à direita de seu partido. Ele se mantém fiel aos seus tempos de lobista da indústria armamentista, se opondo a qualquer forma de controle de armas. "Você não consegue reduzir os crimes violentos tirando o direito dos cidadãos e de suas famílias de se defender", disse. O republicano também luta para evitar qualquer mudança relativa à pena de morte na Constituição do país e defende, na Corte Suprema dos EUA, que o Texas possa ignorar uma ordem da Corte Internacional de Justiça para revisar sentenças de dezenas de cidadãos mexicanos que estão no corredor da morte. Em relação ao aborto, Cruz diz ser "fortemente pró-vida" e quer reduzir o número de casos de abortos legais nos quais a gravidez põe em risco a vida da mãe. Também é contrário ao casamento homoafetivo. "O casamento é um sacramento entre um homem e uma mulher, uma sociedade fortalecida por milênios, e precisamos defender a verdade do casamento." Ted Cruz também nega as mudanças climáticas, dizendo que "evidências científicas não são conclusivas a respeito do aquecimento global", apoiando o uso e exploração de "toda energia disponível na nação", o que inclui planos de fracking. Também se opõe à legislação que regula a emissão de gases de efeito estufa e o incentivo ao uso de energia renovável, por serem uma "ameaça" aos empregos dos estadunidenses, sendo prejudiciais à economia, em sua visão. Com informações do Independent e The Guardian Foto de capa: Jamelle Bouie