Acusada de racismo, XP monta programa de cotas para negros

A empresa afirma que quer “mudar a sua fotografia” e torná-la mais diversa

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A XP vai lançar nas próximas semanas um programa de formação de assessores de investimento exclusivo para pessoas negras.

O programa é uma resposta a foto de um evento da Ável Investimentos, escritório ligado à XP, onde era possível ver dezenas de homens brancos, jovens e nenhum negro. A imagem viralizou e a empresa foi acusada de racismo.

Além da capacitação, a XP vai custear as certificações exigidas para atuar na carreira financeira e encaminhar os profissionais para seleção de vagas nos escritórios autônomos da rede de parceiros da XP.

A empresa vai oferecer 600 vagas para os cursos do programa, que recebeu o nome de Vem Transformar. Os aprovados na prova da Ancord (Associação Nacional de Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários), condição obrigatória para ser um agente autônomo, serão encaminhados para os processos seletivos dos escritórios.
Ao jornal Folha de S. Paulo, Marta Pinheiro, diretora da ESG da XP, afirmou que a empresa quer mudar a sua fotografia e "que outras fotos apareçam com espalhadas pelo Brasil".

XP e Ável são processadas por não possuírem mulheres e negros em seus quadros

Associações de mulheres, negros e direitos humanos ingressaram com ação civil pública contra as empresas de investimentos XP e Ável por danos morais coletivos.

O que motivou os grupos militantes a moverem a ação é a política de contratação de ambas as empresas que são “notoriamente excludente e discriminatória”. Para as organizações, o padrão de contratação seria de homens jovens e brancos.

A motivação do processo foi uma foto que circulou muito pelas redes com a imagens de colaboradores da XP, que teria sido tirada entre 2020 e 2021 e na qual se constata a presença de poucas mulheres e nenhuma pessoa negra.

Cabe destacar que 54% da população brasileira é negra (IBGE). O valor da ação é de R$ 10 milhões.

Ável e XP se pronunciam


Após a repercussão negativa que a foto do encontro entre os colaboradores gerou, as empresas XP e Ável.

“Erramos ao reunir nosso time sem os devidos cuidados e ao publicar a foto em um momento em que enfrentamos uma pandemia. (…) Como empresa, temos responsabilidade perante a sociedade e não vamos nos furtar a elas. Tomaremos o episódio como propulsor para abrir uma agenda de ações efetivas em relação à diversidade”, diz a nota.