Randolfe quer que ministro explique recusa de ajuda da Argentina à Bahia

O senador também revelou que vai representar o presidente no TCU para que devolva o dinheiro gasto nas férias em Santa Catarina

Randolfe Rodrigues vai entrar no STF contra Bolsonaro | Foto: Pedro França/Agência SenadoCréditos: Pedro França/Agência Senado
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O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) revelou por meio de suas redes que a oposição vai convocar o ministro das Relações Exteriores, Carlo Alberto Franco França, para que explique o motivo de ter recusado ajuda humanitária oferecida pela Argentina a Bahia, que neste momento vive uma tragédia humanitária após sofrer com as maiores enchentes de sua história.

https://twitter.com/randolfeap/status/1476379903658442752

Na noite desta quarta-feira (29) o governo Bolsonaro, por meio do Ministério das Relações Exteriores, negou o pedido do governador da Bahia, Rui Costa (PT), para que permitisse a vinda de ajuda humanitária da Argentina às cidades afetadas pelas chuvas no estado baiano.

No documento em que recusa a ajuda da Argentina, o governo Bolsonaro, como justificativa para recusar a ajuda, afirma que os recursos federais e de pessoal são suficientes para a crise humanitária que assola a Bahia.

"Na hipótese de agravamento da situação, requerendo-se necessidades suplementares de assistência, o Governo brasileiro poderá vir a aceitar a oferta argentina de apoio da Comissão Capacetes Brancos, cujos trabalhos são amplamente reconhecidos", diz outro trecho do documento.

Em suas redes, o governador da Bahia, Rui Costa, agradeceu a ajuda humanitária da Argentina e pediu celeridade ao governo Bolsonaro.

"O país nos ofereceu envio imediato de uma missão com dez profissionais especializados nas áreas de água e saneamento, logística e apoio psicossocial para vítimas de desastres. Isso inclui, por exemplo, a oferta de comprimidos para potabilização de água", comentou Costa em suas redes.

https://twitter.com/costa_rui/status/1476261983284568066

Presidente em férias

O senador Randolfe Rodrigues também revelou por meio de suas redes que vão representar o presidente no Tribunal de Contas da União (TCU) para devolva o dinheiro público que está utilizando em suas férias e que tão quantia seja destinada às vítimas da Bahia.

"Representaremos ao TCU para que o Presidente devolva ao erário o dinheiro que está utilizando em suas “férias” e que esse dinheiro seja destinado às vítimas na Bahia", afirmou Rodrigues.

Como se sabe, o presidente Bolsonaro, enquanto o estado da Bahia enfrenta a sua pior crise humanitária da história após as enchentes, está de férias em São Francisco do Sul, em Santa Catarina.

E, para piorar a situação, o presidente, enquanto andava de jet-ski declarou que esperava não ter que adiar as suas férias por causa da Bahia.

Na noite desta terça-feira (28), o presidente reagiu irritado ao comentário do seguidor Marlon Luiz Santos Vilhena, que criticou o desprezo pela enchente na Bahia, “um estado que você não teve muitos votos”.

“Queria saber (SIC) se fosse no Sul?”, indagou o seguidor.

Rui Costa: Bolsonaro “não demonstra nenhum sentimento em relação à dor do próximo”

Em meio à tragédia provocada pelas enchentes no sul da Bahia, o governador do Estado, Rui Costa (PT), afirmou que lamenta o desprezo de Jair Bolsonaro (PL), que passa férias em Santa Catarina, e disse que o presidente “não demonstra nenhum sentimento em relação à dor do próximo”.

“O presidente durante toda a sua gestão demonstrava desprezo em relação à vida humana. Se você me perguntar: “O senhor esperava ele aí?”, vou dizer que não. Durante três anos, em nenhum momento, em nenhum outro desastre, na pandemia, ou em qualquer situação que significasse prestar solidariedade à vida humana ele fez qualquer gesto. É um presidente que não demonstra nenhum sentimento em relação à dor do próximo”, afirmou Costa em entrevista à Folha de S.Paulo durante atendimento à população no local da tragédia.

O governador baiano diz que essa é a maior tragédia que já enfrentou desde que assumiu o governo do estado e que tem trabalhado principalmente para preserar vidas. Até esta quarta-feira (29), 24 pessoas haviam morrido na tragédia, que já conta com milhares de desabrigados.

“Graças a Deus o principal a gente conseguiu, que foi evitar a tragédia de vidas humanas perdidas. O prejuízo material, mesmo que leve mais tempo, você recupera. A vida humana não”, disse.

Costa ressalta que tem evitado falar da falta de atenção de Bolsonaro para não politizar a tragédia, mas que esperava ao menos uma palavra de conforto dirigida pelo presidente, que recusou nesta quarta a ajuda humanitária da Argentina.

“O mínimo que qualquer presidente pode fazer é dirigir uma palavra de conforto ao seu povo num momento de sofrimento. Tem uma frase que diz que quando você não pode fazer nada, pelo menos transmita uma palavra de conforto. Nem isso ele se preocupa em fazer. Só tenho que lamentar. Tenho evitado falar disso porque num momento de dor as pessoas não querem ver debate político”.

Segundo o governador, o estado colocou toda a estrutura possível para reduzir os estragos das chuvas, mas que conta com a ajuda de outros estados para isso, já que mesmo a infraestrutura das Forças Armadas é inadequada para muitas ações, como resgate de pessoas.

“O governo federal não tem nenhuma estrutura de ajuda aos estados para desastres. Os helicópteros do Exército, da Marinha, são completamente inadequados para esse tipo de coisa. São helicópteros para a guerra, não para sobrevoar áreas urbanas. Um helicóptero daquele tamanho, quando baixa a uma altura mais reduzida, arranca as telhas, é um desastre”.