Reino Unido usou programa de espionagem dos EUA na web

Agência estatal de análise de informações teria acesso especial ao PRISM, que envolve Google, Skype e You Tube

Sede do GCHQ, em Cheltenahm, no Reino Unido (Foto: Wikimedia Commons)
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Agência estatal de análise de informações teria acesso especial ao PRISM, que envolve Google, Skype e You Tube

Do Opera Mundi

A agência de espionagem de comunicações do governo do Reino Unido se utilizou secretamente de um programa criado pelo governo dos EUA para armazenar informações de algumas das mais importantes e conhecidas empresas da internet. Esse programa, conhecido como PRISM, possibilita que a NSA (sigla em inglês da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos) possa verificar livremente, e sem autorização judicial, dados de clientes de gigantes da web, como Google, Facebook, Microsoft, Yahoo, Skype e YouTube, que são obrigadas a fornecer essas informações diretamente de seus servidores.

As informações foram publicadas nesta sexta-feira (07/06) pelo jornal britânico The Guardian, que no dia anterior havia divulgado a existência do documento que provava a existência do PRISM.

[caption id="attachment_24857" align="aligncenter" width="600"] Sede do GCHQ, em Cheltenahm, no Reino Unido (Foto: Wikimedia Commons)[/caption]

O jornal afirma ter recebido documentos da NSA que provam que a GCHQ (Government Communications Headquarters), serviço de inteligência britânico responsável pela segurança e espionagem de comunicações, tem acesso ao PRISM pelo menos desde de junho de 2010, em uma operação que gerou ao menos 197 relatórios de inteligência até o ano passado.

Através desse programa, os investigadores britânicos podem ter acesso a informações pessoais de usuários da internet via Estados Unidos sem precisar passar por trâmites legais, já que quem realizaria o ato está fora do território britânico. O uso desse programa tem levantado sérias questões sobre legalidade, ética e liberdade de expressão. O Guardian questiona quais ministros estão cientes do programa e o quanto eles sabem.

A GCHQ, através de um porta-voz, não negou as informações, limitando-se a dizer que “não comenta assuntos de inteligência”. Por meio de comunicado, afirmou que “realiza suas obrigações através da lei muito seriamente. Nosso trabalho é levado de acordo com uma base estritamente legal e uma política que garante que nossas atividades são autorizadas, necessárias e proporcionais”. Também se recusou a dizer há quanto tempo utiliza-se do programa. Os relatórios de inteligência do GCHQ são geralmente repassados para outros órgãos como o MI5 e o MI6.

Guardian não divulgou a íntegra do documento até o momento, mas afirma que eles são datados de abril de 2013. Trata-se de uma apresentação de 41 páginas em PowerPoint. Os documentos afirmam que “existem programas especiais de processamento simples para o GCHQ”, sugerindo que a agência recebeu material de uma peça sob medida do programa. O jornal afirma que o órgão de coleta de informações britânico teria aumentado sua frequência de relatórios em 137% de entre junho de 2011 a maio de 2012 em relação ao mesmo período da temporada anterior.

Sobre o programa

Com o PRISM, o governo norte-americano tem acesso a arquivos de áudio, vídeo, foto, e-mails, histórico de buscas e conversas de bate-papo de qualquer cliente dessas que estão entre as maiores empresas de tecnologia do mundo. Segundo o Guardian, a Microsoft teria iniciado essa colaboração com o governo em 2007, seguida por Yahoo (2008), Google, Facebook, Paltalk (2009), YouTube (2010), Skype, Aol (2011) e Apple (2012).

As empresas norte-americanas envolvidas no PRISM negam as informações reveladas pelo Guardian e o The Washington Post, e que não dão acesso livre ao governo-norte americano, exceto sobre ordem judicial. O PRISM foi estabelecido no fim do mandato do republicano George W. Bush, antecessor do atual presidente, Barack Obama.