Na abertura da sessão da CPI da Covid desta quinta-feira (24), o senador Renan Calheiros (MDB-AP) afirmou que o dono da Precisa, Francisco Maximiano, empresa envolvida na negociação e compra da Covaxin, corre risco de vida e que é preciso garantir a sua segurança para “não repetir Adriano da Nóbrega”, miliciano morto na Bahia em 2020 e que tinha relação íntima com a família Bolsonaro.
“Nós sabemos os métodos que estamos enfrentando, que essas pessoas enfrentarão para não incorrermos na repetição do que ocorreu com Adriano da Nóbrega. Nós precisamos garantir a segurança de vida dele”, disse Calheiros.
O senador também repudiou as ameaças que o Secretário-geral da República, Onyx Lorenzoni, fez às testemunhas das negociações da compra da Covaxin. “Quero expressar a minha repugnância pelo Secretário-geral da República, um estafeta acrítico que fez uma despudorada coação de duas testemunhas e consequentemente dessa comissão parlamentar de inquérito”, criticou.
Durante coletiva realizada nessa quarta-feira, Onyx Lorenzoni afirmou que o deputado Luis Miranda (DEM-DF) e seu irmão estão inventando histórias. “Não houve favorecimento a ninguém, não houve sobrepreço. Tem gente que não sabe fazer conta. Não houve compra alguma, não há um centavo que tenha sido despendido pelo caixa do governo federal”, disse o ministro sobre o escândalo. Bolsonaro teria dado aval para a compra da Covaxin por um preço 1.000% maior do que, seis meses antes, havia sido anunciado pela própria fabricante.
Onyx afirmou que o governo Bolsonaro “vai continuar sem corrupção” (sic) e fez insinuações contra o parlamentar e o irmão dele, que é servidor do Ministério da Saúde. “Por que ele inventou essa história? O que os dois irmãos queriam na casa do presidente no dia 20 [de março]? […] Deus tá vendo, mas o senhor não vai só se entender com Deus, não. Vai se entender com a gente”, disse, em tom de ameaça.
Sobre as ameaças proferidas por Onyx Lorenzoni, Calheiros afirmou que se ele voltar a fazê-las, a CPI terá de pedir a prisão do Secretário-geral. “É um caso clássico de coação de testemunha e de dificuldade de avanço da investigação. Além de uma intromissão indevida nessa investigação de um outro poder, ele comete um crime. Se esse senhor continuar a reincidir nós temos outra a fazer senão requisitar a prisão dele”, alertou Renan Calheiros.