Reunião ministerial: Weintraub diz que colocaria "os vagabundos do STF" na cadeia

Na reunião em que Bolsonaro pregou o armamento da população e xingou governadores, Weintraub, além de disparar contra o STF, disse que odeia o termo "povos indígenas"

Abraham Weintraub (Reprodução)
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Na fatídica reunião ministerial de 23 de abril, cujo sigilo foi aberto pelo ministro do STF, Celso de Mello, o ministro Abraham Weintraub pregou a prisão de ministros da Corte, a quem ele se referiu como "vagabundos".

"A gente tá perdendo a luta pela liberdade. É isso que o povo tá gritando. Não tá gritando para ter mais Estado, pra ter mais projetos, pra ter mais… O povo tá gritando por liberdade, ponto. Eu acho que é isso que a gente tá perdendo, tá perdendo mesmo. O povo tá querendo ver o que me trouxe até aqui. Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia, começando no STF. E é isso que me choca", disparou Weintraub.

A fala do ministro da Educação explica o motivo pelo qual o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) divulgou, nesta sexta-feira (22), uma nota com tom ameaçador à Corte, dizendo que a apreensão do celular de Bolsonaro, citada por Celso de Mello em despacho à PGR, taria ao "consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional".

Na mesma reunião, marcada pelas falas de Bolsonaro tentando intervir na Polícia Federal do Rio de Janeiro, pregando o armamento da população e xingando governadores, Weintraub disse ainda que odeia o termo "povos indígenas".

"Odeio o partido comunista [trecho cortado] querendo transformar a gente numa colônia. Odeio o termo povos indígenas, odeio esse termo, odeio. Ou povos ciganos. Só tem um povo nesse país [...] é povo brasileiro [...] acabar com esse negócio de povos e privilégios", disparou o ministro.

Confira algumas das declarações mais polêmicas de Bolsonaro na reunião.

Confira algumas declarações ditas pelo presidente:

Troca de ministro

“Putaria o tempo todo pra me atingir, mexendo com minha família já tentei trocar segurança nossa no rio de janeiro e não consegui. Isso acabou! Não vou fuder um amigo meu porque não posso trocar a segurança. Se não puder, troca o ministro. E ponto final”.

AI-5

“Cabo o AI-5, AI-5 não existe. É uma besteira. Artigo 142 é um pessoal que não sabe interpretar a Constituição. Agora em cima disso fazer uma onda? Quando a Câmara faz homenagem a Che Guevara, Mao Tsé Tung, não tem nada demais. Quando o Partido Comunista do Brasil faz suas convenções e idolatram Fidel Castro não tem problema nenhum. Então quando um coitado levanta uma placa pedindo Ai-5 eu tô me lixando pra aquilo”.

Artigo 142 (Intervenção militar)

“Agora, nós queremos cumprir o artigo 142? Todo mundo quer cumprir o artigo 142. Havendo necessidade qualquer um dos poderes pode pedir as Forças Armadas que intervenham para restabelecer a ordem, sem problema nenhum”.

Armar população

“O que eles querem impor uma ditadura. Olha, como é fácil impor uma ditadura aqui. Por isso que eu quero que o povo se arme. É facinho colocar uma ditadura aqui. Vem um filha da puta de um prefeito e deixa todo mundo dentro de casa. Se eu fosse ditador, eu ia querer desarmar”.

Luta pelo poder e impeachment

“Não é apenas cuidar do seu ministério. A luta pelo poder continua a todo vapor e sem neurose da minha parte. Tem campo fértil pra aparecer porcaria aí. Não é ‘tá bom, o ministério fatura’, ‘deu merda, cai no colo do presidente’. Por exemplo, quando se fala em possível impeachment, ação no Supremo, baseados em filigramas. Eu vou em qualquer lugar do território nacional. Eu não vou meter o rabo nos meios das pernas. Impeachment com frescura? Com babaquice? Não. Eu sou o chefe Supremo das Forças Armadas. Falei algo e nada demais”.

Aceitar bandeiras

“Quem não aceitar as minhas bandeiras, Damares, família, Deus, armamento, liberdade de expressão, livre mercado, está no governo errado. Perde o ministério quem for elogiado pelo Globo, pela Folha… Pelo Antagonista… Tem ministro que é sempre elogiado nesses blogs”.

Governadores

“Esse bosta do governador de SP, esse estrume do RJ, o bosta do prefeito de manaus abrindo covas coletivas”.