Robeyoncé Lima é a primeira advogada trans do norte-nordeste a conquistar nome social na OAB

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Na Semana Nacional da Visibilidade Trans, Robeyoncé Lima, mulher negra e transexual de 28 anos, se torna a segunda do país a ser reconhecida pelo órgão com seu nome social Por Pedro Francisco de Paula, colaborador da Rede Fórum Robeyoncé Lima é a primeira advogada transexual do norte e nordeste e segunda do país, depois de Márcia Rocha, do estado de São Paulo, a ser reconhecida pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) pelo seu nome social. Ela havia pedido autorização na Ordem para usar este nome em 2013, e só agora o direito lhe foi concedido. Robeyoncé recebeu no auditório da sede da OAB de Recife o certificado que lhe garantirá receber a carteira da Ordem emitida com seu nome social. O evento histórico, que marcou o dia 29 de janeiro - Dia Nacional da Visibilidade Trans -  foi um convite do atual presidente da OAB-PE, Ronnie Preuss Duarte, e da presidenta da comissão de diversidade sexual e de gênero da OAB/PE, Dra. Maria Goretti Soares Mendes. O reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Anísio Brasileiro de Freitas Dourado também se fez presente na cerimônia, assim como dona Marly de Lima, 51 anos, mãe de Robeyoncé, que estava visivelmente emocionada. [caption id="attachment_96943" align="alignleft" width="477"]Foto: Pedro Francisco de Paula Foto: Pedro Francisco de Paula[/caption] Aos 28 anos, a advogada é uma mulher negra que entrou para a faculdade de direito do Recife e conseguiu aprovação no exame da OAB em sua primeira tentativa no inicio do ano de 2016, antes mesmo de terminar a gradução em Direito. Desde o inicio do ano Robeyoncé ocupa o cargo de assessora jurídica do vereador Ivan Morais Filho (PSOL) na Câmara Municiapal do Recife, sendo a primeira servidora do trans da Câmara e a segunda no legislativo de Pernambuco (Fabianna Melo Oliveira, no ano passado, assumiu um cargo na Assembleia Legislativa de Pernambuco). Durante seu curso de Direito a advogada pernambucana estagiou em instituições como a secretaria da Fazenda, Tribunal de Justiça do estado, Petrobras e na Justiça Federal. “Estou muito feliz pois é um reconhecimento do direito de ser chamada de acordo com minha identidade de gênero. Meu nome social sendo reconhecido pela OAB é algo muito gratificante, porque o documento é oficialmente reconhecido e vai ser um alívio mostrar a carteira de advogada sem ter constrangimento”, afirmou a advogada. Formada em Geografia também pela UFPE, no final da graduação do curso de Direito, Robeyoncé viu seu nome batizar a classe da qual fez parte e que se formou no ano passado. Agora a sala se chama Turma Robeyoncé Lima. Pernambuco é o segundo estado do país que mais mata transexuais e travestis, segundo um relatório do ano de 2013 da Secretaria Especial de Direitos Humanos, vinculada ao Ministério da Justiça.