Rock in Rio é tomado por manifestações políticas

Com "Ei, Bolsonaro, vai tomar no c...", Lula Livre, homenagens a Marielle e Ágatha, liberdade para Rennan da Penha, o festival tem sido marcado por protestos

Banda Francisco El Hombre esticou bandeira do MST durante o show (Reprodução/Twitter)
Escrito en CULTURA el
Apesar de ter circulado um burburinho de que a produção do Rock in Rio proibiu manifestações políticas durante os shows, diversas apresentações tiveram fortes marcas de resistência. Homenagens a Marielle Franco e à menina Ágatha, pedidos de liberdade para o DJ Rennan da Penha e gritos contra Bolsonaro foram repetidos diversas vezes nos diferentes palcos. Dilma e Lula também foram lembrados. O festival começou na última sexta-feira (28) e vai até o próximo domingo (6). Marielle e Ágatha Já no primeiro show do festival, comandado por Lellê, a vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018, foi lembrada. O último discurso de Marielle foi reproduzido no início da apresentação da cantora, que ainda pediu uma salva de palmas para a menina Ágatha Félix, assassinada por tiro de fuzil da Polícia Militar do governador Wilson Witzel. A cantora Elza Soares comentou os dois casos e fez um duro protesto: "Chega de perseguir os negros e pobres". "Ágatha Félix tinha 8 anos, o músico Evaldo Rosa levou 80 tiros. Marielle lutava pelos pobres, pelos negros, pelos pretos, pelo nosso povo. Chega!", gritou a cantora. “Chega de perseguir os negros, chega de perseguir os pobres. Mulher negra, coragem, pra frente!”, continuou, sendo ovacionada pela plateia. O show de Karol Conka, Linn da Quebrada e Gloria Groove também fez um chamado contra as políticas de extermínio do povo negro. Enquanto Linn pedia o fim do genocídio negro nas periferias do brasileiras, Conka entoou "fogo nos racistas". A banda Nervosa, que se apresentou nesta sexta-feira (4), dia do metal, dedicou a canção "Raise Your Fist" à Marielle Franco e o público reagiu com gritos contra Bolsonaro. DJ Rennan da Penha  O polêmico "Espaço Favela" também registrou manifestações desde o primeiro dia. Assim como Marielle e Ágatha, o DJ Rennan da Penha foi bastante lembrado com pedidos de liberdade. Responsável por promover uma nova vertente do funk carioca – o 150 BPM -, ele está preso desde abril por suposta associação ao tráfico. A defesa alega que a condenação do músico é uma forma de criminalização da cultura popular e que ele havia sido absolvido inicialmente. Na última semana, Rennan foi indicado ao Grammy Latino. O cantor Emicida reforçou o pedido de libertação do funkeiro no palco principal durante apresentação na quinta-feira (3). Durante apresentação da canção "Libre",  Emicida repetiu gesto feito no programa Encontro com Fátima Bernardes, da Globo, e exigiu liberdade para Rennan da Penha, com direito a uma mensagem no telão. "Ei, Bolsonaro..."e Lula Livre O hit "Ei Bolsonaro vai tomar no c...", que ganhou as ruas no carnaval deste ano, também foi entoado no festival. Durante as apresentações do DJ Alok, do cantor Tico Santa Cruz, da banda Capital Inicial, a plateia puxou o grito. A apresentação do grupo Francisco El Hombre, realizada na quinta-feira (3), foi dominada por críticas. No telão, imagens de Marielle, Ágatha, Dilma, Luiza Erundina, Djamila Ribeiro, Malala, Greta Thumberg e do cacique Raoni foram exibidas, enquanto o grupo entoava "quem não pula é miliciano" e carregava uma bandeira do MST. Da plateia pôde ser ouvido gritos de Lula Livre e contra Bolsonaro. https://twitter.com/bchartsnet/status/1179912087293878272