Ruanda lembrará genocídio com alerta ao mundo

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O presidente de Ruanda, Paul Kagame, deve abrir a cerimônia nesta terça-feira, 7, em Nyanza, ao sul da capital, Kigali, para lembrar os 15 anos do genocídio que matou cerca de 800 mil pessoas no país.

O local tem grande valor simbólico. Na colina de Nyanza milhares de pessoas foram massacradas no dia 11 de abril de 1994, depois que um contingente belga das Nações Unidas (ONU) que as protegia bateu em retirada.

A Bélgica resolveu retirar suas tropas depois que soldados da força da ONU foram mortos por tropas ruandesas.

À noite, será realizada uma vigília que incluirá a leitura de mensagens de solidariedade enviadas de vários países.

Ruanda deu vários passos para buscar uma reconciliação entre as comunidades tutsi e hutu e alguns dos incitadores da violência foram julgados em um tribunal na Tanzânia. Entre eles, está o ex-coronel do Exército ruandês Theoneste Bagosora, que foi condenado no ano passado à prisão perpétua por instigar o genocídio, por chefiar um comitê de extremistas hutus que planejou o massacre.
A promotoria afirmou que ele teve um papel importante no planejamento do extermínio e estabeleceu a milícia Interahamwe, gangues de extremistas hutus que executaram boa parte das mortes.
Mas muitos suspeitos continuam foragidos, segundo Allen. E, embora a nova geração tenha liderado esforços para a reconciliação, muitas pessoas mais velhas estão tendo dificuldade em perdoar os perpetradores do genocídio.

Tutsi e Hutus
A matança no país, que fica no coração da África, começou pouco depois que o avião do presidente ruandês, Juvenal Habyarimana, foi derrubado, no dia 6 de abril de 1994. Durante cem dias, uma milícia de origem étnica hutu massacrou pessoas de origem étnica tutsi e hutus moderados.

O genocídio terminou quando rebeldes da Frente Patriótica Ruandesa (RPF, em inglês) liderados por tutsis, sob o comando de Kagame, hoje presidente, assumiu o controle do país.

O genocídio teve grande impacto na região. Dois milhões de hutus fugiram para o Zaire, hoje República Democrática do Congo, quando a RPF chegou ao poder - entre eles havia, muitos integrantes da milícia Interahamwe, intensificando a tensão entre os dois países.

Os ugandenses, por sua vez, tiveram corpos de vítimas do massacre chegando à sua porta. Cerca de 11 mil cadáveres foram encontrados no Lago Vitória, e enterrados por moradores locais.

Como parte das iniciativas para lembrar os 15 anos do genocídio, estes despojos devem ser transferidos para três covas permanentes em Uganda. "Nós decidimos dar um enterro decente para estas vítimas do genocídio", disse Ignatius Kamali, embaixador ruandês em Uganda.

(Com informações de agências)

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