O ministério do Meio Ambiente do governo Jair Bolsonaro destravou cerca de R$ 530 milhões, que estavam parados há um ano e meio à espera de decisões do ministro Ricardo Salles. A verba liberada às pressas vai financiar ações contra as mudanças climáticas.
O rompante de agilidade e preocupação com o ambiente é, na realidade, medo de que uma audiência pública marcada pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, vire um espaço de críticas à política do governo na área. A avaliação é atribuída pelo jornal Folha de S.Paulo a envolvidos na liberação das verbas.
O montante foi disponibilizado apenas depois de uma reunião do comitê gestor do Fundo Clima, que já foi dissolvido e refeito por Salles. O órgão ficou 18 meses sem se reunir e aprovou, em 15 de julho, as regras para a utilização do dinheiro, via BNDES.
A ONG Observatório do Clima questiona declarações do ministro de priorizar investimento em saneamento e gestão de resíduos sólidos. O saneamento não consta dos programas financiados pelo banco e a gestão de resíduos responde por apenas 5% das emissões de gases de efeito estufa no Brasil, segundo a entidade.
A audiência é parte do julgamento de uma ação movida pela Rede, PSB, PT e PSOL, em razão do desmonte do Fundo Clima promovido por Salles.