“Se eu voltar para Etiópia, posso ser morto”, diz atleta medalhista na Rio-2016

Feyisa Lilesa ganhou medalha de prata na maratona masculina e, ao passar pela linha de chegada, cruzou os braços na altura da cabeça em manifestação contra o governo de seu país; protestos como esse já levaram cerca de 400 pessoas à morte na Etiópia.

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Feyisa Lilesa ganhou medalha de prata na maratona masculina e, ao passar pela linha de chegada, cruzou os braços na altura da cabeça em manifestação contra o governo de seu país; protestos como esse já levaram cerca de 400 pessoas à morte na Etiópia Por Matheus Moreira Medalhista de prata na maratona masculina durante a Olimpíada no Rio de Janeiro, Feyisa Lilesa, etíope de 26 anos, se manifestou contra o governo de seu país, que pretende expandir os limites da capital utilizando terras da tribo Oromo – maior grupo étnico da Etiópia, do qual Lilesa faz parte. O protesto, que passou despercebido para muitos, pode levar o atleta à morte ou à prisão. Em entrevista após a corrida, Lilesa afirmou que, caso voltasse e fosse conveniente para o governo, poderia ser morto. “Se eu não for morto, serei preso. E se não for preso, podem me barrar no aeroporto. Eu tenho uma decisão a tomar. Talvez eu me mude para outro país”, disse. Protestos A tribo Ororo tem vivido momentos de insegurança e violência após a oficialização das intenções do governo em expandir o território da capital, Adis Abeba, utilizando áreas de moradia da etnia e removendo os grupos do local. Mais de 400 pessoas já morreram e outras dezenas ficaram feridas por participarem de protestos contra a medida. Um vídeo divulgado pela organização Humans Rights Watch mostra o momento em que manifestantes que fazem o sinal de protesto característico do movimento (um x com braços na altura da cabeça, o mesmo que Feyisa fez ao vencer a prova) são alvejados por soldados. De acordo com a ONG internacional, muitos dos mortos, feridos e presos (que têm sido torturados) são cidadãos “abaixo dos 18 anos”. Foto: Reprodução/Rio2016