Secretaria da Educação de SP afasta professor que aparece em vídeo com roupa da Ku Klux Klan

Segundo o site Mundo Negro, homem teria sido identificado como Luiz Bortollo. Ato foi marcado para esta quarta-feira (22) em frente à escola Escola Estadual Amaral Wagner, em Santo André

Homem aparece com roupa da Ku Klux Klan em escola pública de SP (Foto: Twitter/Reprodução)
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A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo disse que afastou imediatamente o professor que aparece em vídeo andando pela Escola Estadual Amaral Wagner, em Santo André (SP), com uma roupa da Ku Klux Klan. A Diretoria de Ensino de Santo André também formou uma comissão interracial para averiguar os fatos.

Um ato foi marcado nesta quarta-feira (22) em frente à instituição de ensino para protestar contra a atitude do docente. Segundo o site Mundo Negro, o homem seria professor de História da escola e se chamaria Luiz Bortollo.

O vídeo começou a circular nesta segunda-feira (20) nas redes sociais. A professora de sociologia da instituição, Hainra Asabi Alves, disse que nenhuma justificativa pedagógica foi apresentada para o uso da roupa.

"A justificativa dele já mudou inúmeras vezes. No primeiro momento ele disse que não teve intenção de ofender ninguém. Depois que começamos a pressionar, ele vem mudando a narrativa dele, mas até o momento não apresentou nenhuma proposta de reparação ou de pedido de desculpas", detalhou ao Mundo Negro.

Posteriormente, em nota à imprensa, Bortollo se desculpou e disse que ficou apenas poucos minutos com o traje para divulgar uma peça teatral de denúncia do racismo, no mês da Consciência Negra, em que existem personagens vestidos de Klan. Segundo ele, tudo não passou de um “mal entendido criado a partir de uma filmagem feita em festa de final de ano na escola, postada nas redes sociais”.

A Ku Klux Klan foi um movimento racista, antissemita e anticomunista que unia grupos reacionários sob a bandeira da “supremacia branca“, fundado no século 19 no Sul dos Estados Unidos.

Advogado diz que atitude configura crime

O advogado especialista em Direitos Humanos e Segurança Pública pela PUC-SP, Ariel de Castro Alves, que é presidente do grupo Tortura Nunca Mais, afirmou que tanto o homem quanto quem o apoiou na iniciativa devem ser investigados por crime de incitação ao racismo, conforme previsto na lei sobre crimes raciais, e por crime de apologia a fato criminoso, previsto no Código Penal.

"As cenas são estarrecedoras e deprimentes, principalmente por terem ocorrido em um local que deveria ser de inclusão social e educação. O papel da escola é de educar contra qualquer forma de racismo, preconceito e exclusão", disse à Revista Fórum.

Para a vereadora Luana Alves (PSOL), a manifestação é "assustadora". “É uma pessoa adulta, a escola deveria intervir, e pelo que eu entendi, isso não foi feito. É um tipo de manifestação assustadora, porque a gente sabe que o racismo é estrutural, mas você se fantasiar homenageando um grupo assassino de pessoas negras, significa que você naturaliza esses grupos”, pontuou à Fórum.

Posicionamento da Seduc

A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) informa que, assim que soube do caso, abriu apuração preliminar e afastou imediatamente o professor envolvido, que é efetivo, até o término da apuração. A Diretoria de Ensino de Santo André formou uma comissão interracial para averiguar os fatos.

A Pasta não admite qualquer forma de discriminação e injúria racial. Com o compromisso de combater casos de racismo, a Seduc-SP trabalha veemente na formação de toda a rede com a Trilha Antirracista, bem como atua na promoção de um ambiente solidário, colaborativo, acolhedor e seguro nas escolas.

A gestão da unidade e a Diretoria de Ensino de Santo André estão à disposição de pais e/ou responsáveis para esclarecimentos.