Famílias do Acampamento Lagoa Nova Carajás, na cidade de Parauapebas, no Pará, foram brutalmente atacadas na noite do último domingo (21) por por seguranças da empresa Vale. De acordo com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), diversas pessoas ficaram feridas, em meio à momentos de pânico e terror.
No acampamento coordenado pela Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar, residem 248 famílias há cinco anos. O Ministério Público Federal abriu uma investigação sobre o caso.
O MST emitiu uma nota pública para "manifestar repúdio à violência sofrida pelas famílias acampadas" e para prestar solidariedade "aos trabalhadores e trabalhadoras que foram alvo desse ataque covarde".
"Historicamente, a violência tem sido usada no estado do Pará como instrumento nas mãos do latifúndio e das grandes empresas para impedir que os trabalhadores permaneçam em luta pela conquista da terra. O Pará tem sido marcado por massacres, assassinatos de lideranças e ataques a defensores dos direitos humanos. O ataque ao acampamento em Parauapebas marca mais uma página desta história de violência e violação dos direitos humanos na nossa região", diz trecho do comunicado.
"Em um período em que o mundo inteiro se volta para o avanço de casos da Covid-19, presenciamos mais um caso de violência e ataque aos trabalhadores no estado do Pará. A paralisação da Reforma Agrária, a política de não assentamento das famílias acampadas e a falta de iniciativa do governo em solucionar conflitos é responsável por esse e por outros casos de conflito no campo no Brasil", completa a nota do MST.
Vale nega ação violenta
Procurada pela Fórum, a Vale alega que "a sua equipe de segurança foi recebida a tiros de arma de fogo por um grupo de aproximadamente 40 pessoas". No entanto, adiante na mesmo nota, afirma que "a segurança da empresa foi chamada depois que o grupo invadiu área da empresa e tentou instalar postes para ligação clandestina de energia elétrica no local".
A Vale informou ainda que "após várias horas de diálogo na tentativa de convencer o grupo a paralisar a ação ilegal, os seguranças iniciaram a operação de desforço imediato utilizando os meios necessários não letais e em legítima defesa". A empresa destaca que a ocupação da propriedade é ilegal, com existência de decisão judicial favorável à reintegração de posse.