Sem resposta satisfatória dos EUA, Dilma adia visita oficial a Obama

Presidente criticou ausência de apuração no escândalo de espionagem organizado pela NSA no Brasil

Dilma Roussef e Barack Obama não vão se encontrar em outubro (Foto: Roberto Stuckert Filho/Presidência da República)
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Presidente criticou ausência de apuração no escândalo de espionagem organizado pela NSA no Brasil Por Opera Mundi [caption id="attachment_31303" align="alignleft" width="300"] Dilma Roussef e Barack Obama não vão se encontrar em outubro (Foto: Roberto Stuckert Filho/Presidência da República)[/caption] Sem ter recebido explicações satisfatórias do governo norte-americano, a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, decidiu adiar a visita oficial aos Estados Unidos que estava programada para o dia 23 de outubro. O anúncio foi feito através de um comunicado na tarde desta terça-feira (17/09) pelo Palácio do Planalto. Dilma conversou pessoalmente por telefone na segunda-feira (16) com o presidente dos EUA, Barack Obama, que tentou evitar o adiamento e justificar o escândalo de espionagem organizado pela NSA (sigla em inglês da Agência de Segurança Nacional norte-americana), que interceptou em 2012 conversas da presidente e de seus assessores, informações referentes à Petrobras e ao pré-sal e também o então candidato à Presidência do México, Enrique Peña Nieto, vencedor da eleição. De acordo com o texto, "tendo em conta a proximidade da programada visita de Estado a Washington – e na ausência de tempestiva apuração do ocorrido, com as correspondentes explicações e o compromisso de cessar as atividades de interceptação – não estão dadas as condições para a realização da visita na data anteriormente acordada". "Dessa forma, os dois presidentes decidiram adiar a visita de Estado, pois os resultados desta visita não devem ficar condicionados a um tema cuja solução satisfatória para o Brasil ainda não foi alcançada", acrescentou. "O governo brasileiro confia em que, uma vez resolvida a questão de maneira adequada, a visita de Estado ocorra no mais breve prazo possível, impulsionando a construção de nossa parceria estratégica e patamares ainda mais altos", diz ainda a nota. Apesar de não se reunir com Obama pessoalmente, a presidente irá aos Estados Unidos para participar da abertura da 68º Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, na próxima semana. Tradicionalmente, o chefe de Estado brasileiro faz o discurso de abertura do encontro de líderes mundiais. Segundo assessores, o tema da espionagem deverá ser abordado pela presidente, que vai criticar o monitoramento. As informações sobre a espionagem foram reveladas pelo jornalista norte-americano Glenn Greenwald, em duas reportagens para o programa de TV Fantástico, da Rede Globo. Ele recebeu documentos do ex-agente Edward Snowden, ex-técnico da agência norte-americana e atualmente asilado na Rússia, que vazou diversos documentos e os repassou ao jornalista. Desde a divulgação das denúncias, o governo passou a cogitar o adiamento da visita.  A presidente, que ficou muito irritada com a denúncia, se reuniu na segunda-feira (16) com o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado, para discutir o retorno dado pelos Estados Unidos aos questionamentos do Brasil sobre as denúncias de espionagem. Há duas semanas, a presidente já havia mandado cancelar a viagem da equipe preparatória, que cuida de toda a logística da visita e define a agenda. Na semana passada, durante reunião de cúpula do G-20, na Rússia, em São Petersburgo, na Rússia, o presidente Barack Obama se comprometeu com a presidenta Dilma a responder aos questionamentos do governo brasileiro em uma semana, o que não ocorreu.