Sérgio Penna, preparador de elenco, é denunciado pelo MP por importunação sexual

Promotora afirma que, durante as atividades do curso, ele abusava do toque corporal, como longos abraços, toques e alisamentos, e de beijos na boca ou bochechas nas mulheres

Sérgio Penna. Foto: Reprodução redes Sociais
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O preparador de elenco Sergio Luiz Penna foi denunciado pelo Ministério Público pelo crime de importunação sexual contra quatro alunas de cursos de expressão artística, realizados em espaços na Barra da Tijuca e em Copacabana, nos anos de 2016 e 2019.

Investigações da 13ª DP (Ipanema) dão conta de que ele teria aproveitado da sua notoriedade e prestígio nesses cenários, bem como da necessidade de contato corporal entre os instrutores em determinados exercícios, para abusar de pelo menos 30 atrizes, tocando seus corpos e pegando as mãos delas e colocando-as sob seu pênis.

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A promotora Janaína Marques Corrêa Melo, da 2ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Territorial da Área Botafogo e Copacabana do Núcleo Rio de Janeiro, afirma na denúncia que Sergio, durante as atividades do curso, abusava do toque corporal, como longos abraços, toques e alisamentos, e de beijos na boca ou bochechas nas mulheres. Ele justificava suas ações, segundo ela, na sua suposta metodologia de ensino, de maneira a obter a confiança das alunas para evitar que, em um primeiro momento, suas investidas fossem tidas como invasivas.

Para o delegado Felipe Santoro, titular da 13ª DP, “as investigações mostraram que, em outros momentos, as vítimas chegavam a perceber que havia algum tipo de maldade na investida, porém, o medo de desagradar o professor e a vontade de não ser prejudicada no meio artístico fazia com que ficassem inertes, uma vez que a notoriedade do Sérgio era utilizada, naquele momento, como uma forma de retirar a liberdade dessas mulheres”.

Pelo menos 30 vítimas

Nos últimos quatro meses, o delegado ouviu 18 mulheres e identificou pelo menos 30 vítimas.  Muitas afirmam ter sofrido diversas investidas de Sérgio Penna, tanto nos locais de realização dos workshops quanto em bares onde aconteciam as confraternizações pós-atividades.

A maior parte dos casos, entretanto, ocorreu antes de 2018, quando os crimes contra a liberdade sexual eram condicionados a representação por um prazo, que já acabou, tendo sido extinta a possibilidade do Estado de puni-lo.

A advogada Luciana Terra, que representa 41 mulheres, disse ser “importante destacar que, por ele ser uma autoridade nesse meio, com alto poder de influência, muitas das vítimas desistiram de seguir carreira por medo de serem descredibilizadas e prejudicadas. Por isso, as mulheres têm que se unir e denunciar para que os fatos sejam devidamente apurados”.

A defesa

O advogado João Francisco Neto, que representa Sergio Penna, afirmou ao Globo que ele, “após mais de quarenta anos como diretor de teatro e preparador de elenco na cena artística de nosso País, se vê, agora, nesta altura da vida, em face de um conclave difamatório com propósitos nebulosos”, disse em nota.

Com informações do Globo