“Eu vou colocar esse indivíduo na cadeia”, diz ativista LGBT que está processando Sikêra Jr.

Agripino Magalhães também afirmou que o apresentador do programa Alerta Geral comete crime ao associar a comunidade LGBT ao uso de drogas em uma concessão pública

Sikêra Jr. - Foto: DivulgaçãoCréditos: Reprodução de Vídeo
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Os dias de promoção de ódio contra a comunidade LGBT podem estar contados para Sikêra Jr., apresentador do programa Alerta Geral.

Além de ter perdido mais de 90 anunciantes depois de chamar as pessoas LGBT de “raça desgraçada”, o apresentador enfrenta duas ações na justiça protocoladas pelo ativista LGBT Agripino Magalhães.

À Fórum, o ativista Agripino Magalhães revela que tomou a decisão de processar Sikêra Jr. após ele ter sido inocentado em ação movida pela modelo trans Viviany Beleboni.

“Em setembro do ano passado, a Viviany Beleboni entrou com um processo contra ele, mas ela perdeu e ele ficou tirando sarro da cara dela e continuou a falar das pessoas LGBT, mas especificamente das pessoas trans”, relata Magalhães.

No mesmo mês, o ativista revela que resolveu entrar com um processo contra Sikêra, pois, “todos os dias ele associava as LGBTQIA+ às drogas. E em todo programa ele ficava cantando aquela música horrorosa 'todo maconheiro dá o anel', ou seja, ele quer dizer que todo LGBT é drogado e maconheiro”, critica Agripino Magalhães.

Dessa maneira, Agripino conta que entrou com uma ação por discurso de ódio. “A promotoria remeteu o caso para o DP de Osasco porque é onde fica a Rede TV! e eu fui ouvido”, conta o ativista. O processo segue em andamento.

Mas, após tomar conhecimento do processo, Sikêra Jr. resolveu atacar Agripino Magalhães ao vivo.

“No dia 5 de maio deste ano ele passou dos limites: em rede nacional de televisão ele me chamou de vagabundo, falou que eu era giletão, mandou eu dar o caneco e me chamou de baitola e, além disso, ele associou a população LGBT à intolerância religiosa e ao vandalismo”, diz Agripino.

O ativista também destaca o fato de que, além de Sikêra Jr., ele também colocou no processo o superintendente de jornalismo da RedeTV!, Franz Vacek. “Como é que um superintendente de jornalismo aceita alguém falar o tanto de ódio que esse cara fala em rede nacional de televisão, que é uma concessão pública?”, questiona o militante.

Em sua ação, Magalhães está pedindo R$ 400 mil. Segundo o ativista, Sikêra Jr. e Franz Vacek, o superintendente de jornalismo da Rede TV!, foram intimados para dar sequência ao processo.

Foto: Agripino Magalhães, o ativista LGBT que está processando Sikêra Jr.

“Estou sendo perseguido pelo movimento LGBT”

O apresentador do programa Alerta Geral (RedeTV!), Sikêra Junior, entrou com uma ação no Tribunal de Justiça do Estado de Amazonas onde pede uma indenização de R$ 100 mil contra o ativista LGBT Agripino Magalhães.

Sikêra alega danos morais e que está sendo perseguido pelo movimento LGBT e pelo ativista Agripino Magalhães.

Dessa maneira, Sikêra pediu, por meio judicial, que Agripino Magalhães apagasse todas as postagens nas redes sociais onde ele falava sobre Sikêra.

Na primeira instância, o apresentador do Alerta Geral perdeu a ação.

Sikêra na cadeia

O ativista afirma que Sikêra Jr. é um tipo clássico de homofóbico. “Ele incita o ódio contra as pessoas e depois fala que não está (incitando o ódio). Depois ele aparece e fala 'ah, mas eu tenho um funcionário LGBT'. O programa dele é criminoso, ele sempre chama a gente (LGBT) de "raça desgraçada", afirma o ativista.

Em sua ação, Agripino Magalhães e seus advogados, além da indenização por danos morais, pedem a prisão do apresentador. “Eu vou colocar esse indivíduo na cadeia. Ele vai pagar por tudo o que ele já fez até agora contra a população LGBTQIA+, e os meus advogados não vão dar moleza para ele”, diz Magalhães.

Efeito pedagógico

O ativista também acredita que a sua atitude de processar Sikêra Jr. por homofobia pode ser pedagógica e mostrar para outras pessoas LGBT que existem caminhos judiciais caso sejam vítimas de LGBTfobia.

“Eu passei 30 anos da minha vida calado e quando a gente chegava na delegacia falando para o escrivão que tinha sido agredido eles diziam 'qualifica isso como discussão, calúnia e difamação, isso não vai dar em nada'”, lembra Agripino de um tempo em que a LGBTfobia não era crime e portanto, não possuía tipificação.

“Agora, a LGBTfobia é crime de racismo, de 1 a 3 anos, podendo chegar a 5 anos de prisão se for divulgado em mídias e redes sociais. Muitas vezes as pessoas não sabem o caminho, não sabem os poucos direitos que nós temos. O meu lema é: eu não trago LGBGTfobia para minha casa, eu levo pra delegacia e levo para os tribunais”, finaliza Agripino.

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