Temer autorizou caixa 2 em telefonema a dono da Gol, diz Funaro

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Dinheiro foi solicitado para campanha de Gabriel Chalita (PMDB) à Prefeitura de São Paulo, em 2012. Da Redação Em novos trechos da delação do operador e doleiro Lúcio Funaro, ele revela que, em 2012, presenciou um telefonema do então vice-presidente Michel Temer avalizando pagamentos eleitorais como uma espécie de "pedágio", em troca de liberação de créditos da Caixa Econômica Federal. Essas declarações estão presentes no relatório da Polícia Federal que concluiu que Temer era o líder do “quadrilhão do PMDB” na Câmara. Segundo a PF, Temer agia por meio de terceiros e usou o doleiro para negociar a liberação de recursos de um fundo público de investimento. Funaro contou que o empresário Henrique Constantino, da empresa aérea Gol, chegou a pedir uma prova de que Michel Temer realmente estava solicitando recursos para compor um caixa 2 para a campanha de Gabriel Chalita (PMDB-SP) à Prefeitura de São Paulo, em 2012. Diante do pedido de Constantino, Funaro diz que acionou o então deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e, "em poucos minutos", "o próprio vice-presidente Michel Temer teria ligado diretamente para Henrique Constantino agradecendo a disposição para realizar a doação". Nessa conclusão, a Polícia Federal apontou que "os valores para os pagamentos teriam sido levantados por Funaro com Constantino" e foram gerados pelo "adiantamento de valores decorrentes de negócios escusos que este tinha com Funaro para a liberação de créditos junto à Caixa Econômica Federal". Por meio de sua assessoria de Henrique Constantino afirmou apenas que "segue colaborando com as autoridades para o total esclarecimento dos fatos". Já a comunicação oficial do presidente Temer disse que "jamais aconteceu tal telefonema" e que "essa informação é inteiramente falsa". Em seu relatório, a PF não confirma se o telefonema de fato aconteceu, mas destaca que "o grupo Constantino é uma concessionária de serviço público, portanto, àquela época, já era proibida de fazer doação, de modo que o repasse do recurso teria que ser necessariamente via 'caixa 2'". Apontou ainda que os repasses dos valores obtidos por Funaro com Constantino "foram intermediados por Hugo Fernandes da Silva Neto, pessoa que, segundo Funaro, cuidava da campanha de Gabriel Chalita, bem como por 'Daniel', pessoa vinculada a Joesley Batista", dono do grupo JBS. "Daniel organizava a ajuda financeira da campanha de Chalita, por meio de pagamento de boletos". Funaro explicou aos policiais uma planilha que revela o pagamento de pelo menos R$ 1,5 milhão, em dinheiro vivo, para a campanha de Chalita. São dados "registrados na contabilidade diária de Funaro" com o nome de "Hugo". Em depoimentos anteriores, o doleiro já havia contado que entregou ou mandou entregar, "a mando do presidente Michel Temer", valores para a campanha eleitoral de Gabriel Chalita. Foram também citados pelo doleiro Geddel Vieira Lima, Eduardo Cunha, Moreira Franco, Romero Jucá, Reinaldo Azambuja, Delcídio do Amaral e Sérgio de Souza, entre outros, como beneficiários desses pagamentos. Funaro disse que "operava nas duas vice-presidências da Caixa Econômica sob influência política do PMDB na Câmara", ou seja, a Vifug (Vice-presidência de Fundo de Governo e Loterias) e a Vice-presidência de Pessoa Jurídica. Segundo Funaro, "foram efetuadas operações perante o FI-FGTS para as empresas BRVIAS e LLX, as quais geraram comissões expressivas, no montante total aproximado de R$ 20 milhões, do qual se beneficiaram principalmente a campanha do ex-deputado federal Gabriel Chalita para prefeito de São Paulo/SP no ano de 2012, e a campanha para Presidência da República no ano de 2014, sendo que ambas foram por orientação/pedido do presidente Michel Temer". Afirmou ainda que "não tinha relacionamento próximo com o presidente Michel Temer, visto que quem fazia a interface com ele eram [os ex-deputados] Eduardo Cunha, Henrique Eduardo Alves e Geddel Vieira Lima". *com informações da Folha Fotos: Lula Marques/AGPT e Reprodução/TV Globo