The Guardian repercute guerra de Bolsonaro contra governadores por ação contra a pandemia

Segundo o jornal britânico, o presidente também contradiz seu próprio Ministério da Saúde, e estimula volta ao trabalho e às escolas, enquanto ex-aliados se dizem “chocados”

Jair Bolsonaro - Foto: Isac Nóbrega/PR
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A postura de Jair Bolsonaro de entrar em guerra contra os governadores, a imprensa e as autoridades de saúde do mundo, e negar a gravidade da pandemia do coronavírus, choca também os meios de comunicação do exterior. O conhecido jornal britânico The Guardian publicou, nesta sexta-feira (27), uma matéria relatando as peripécias do presidente brasileiro para defender sua postura, que foi classificada como “paranoica e anticientífica”.

O diário entrou em contato com alguns governadores brasileiros, que disseram “temer que o líder de extrema-direita estivesse semeando confusão sobre a necessidade de medidas de quarentena e de distanciamento social, e desperdiçando um tempo precioso estabelecendo fogueiras políticas para energizar sua base radical”, segundo conta a matéria.

Em outra passagem, o The Guardian também recorda o pronunciamento de Bolsonaro na terça-feira (24), na que estimulou os brasileiros a voltarem ao trabalho, e também a volta às aulas para os estudantes, “o que entrou em contradição com os conselho de seu próprio Ministério da Saúde”, segundo a matéria.

Um dos entrevistados pelo jornal britânico foi o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, descrito como “um governador de direita e ex-aliado de Bolsonaro”.

“Em um momento como este, ele deve ter a humildade de deixar as coisas para quem as entende”, disse Caiado.

Outro consultado foi o governador da Bahia, Rui Costa. Na sua opinião, o país precisa de uma liderança madura, profissional e calma. “Não podemos tratar uma questão tão séria de maneira tão debochada”, afirmou, em clara alusão ao presidente.

O The Guardian também mencionou a carta aberta a Bolsonaro publicada pelos governadores, na qual eles concordaram em ignorar os pedidos do Planalto para reduzir as restrições. “O coronavírus é um adversário que deve ser derrotado com bom senso, empatia, equilíbrio e união”, diz a carta, em trecho reproduzido pelo diário inglês.