Tirar dinheiro de bancos públicos não resolve dívida do país, diz federação de bancários da Caixa

Entidade alerta que estatais financeiras poderão ter que devolver dinheiro ao Tesouro para formar “colchão da dívida”, o que descapitalizaria as instituições

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O governo Jair Bolsonaro (sem partido) pretende tirar recursos dos bancos públicos – Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e BNDES – para resolver a questão da dívida pública. Mas, na visão da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), a medida não vai resolver o problema do endividamento. Além disso, a entidade alerta que a medida é um golpe do governo contra o papel social desses bancos públicos.

O governo quer negociar com os bancos públicos a devolução antecipada de recursos do Tesouro Nacional. Essas verbas são utilizadas para o financiamento da produção e de ações em áreas estratégicas para o país, como infraestrutura, saneamento e habitação popular. 

No caso da Caixa, o governo negocia, com a direção do banco, novas devoluções dos Instrumentos Híbridos de Capital e Dívida (IHCD). Os recursos dão condições para que a Caixa possa assistir à população com crédito mais acessível e a longo prazo.  Só em 2019, a estatal devolveu ao Tesouro R$ 10,35 bilhões, cerca de 25% do valor total dos IHCDs, que somavam R$ 40 bilhões.

“Não tem justificativa para a devolução desses recursos. Isso não resolve a dívida pública. Cada nova devolução de IHCD pela Caixa representa a diminuição da capacidade do banco de conceder empréstimo e amparo financeiro à sociedade”, explicou o presidente da Fenae, Sérgio Takemoto, em uma nota. “A população está precisando de renda, de financiamento a longo prazo. O que o governo quer fazer certamente prejudicará a todos”, complementou.

A Fenae lembra que, neste momento de pandemia, os bancos públicos têm sido responsáveis pelo socorro ao setor produtivo e aos mais de 100 milhões de brasileiros que estão sobrevivendo graças ao auxílio emergencial e a outros benefícios sociais pagos pela Caixa.

E recorda, em sua nota, que entre 2008 e 2014, o governo federal, então sob administração dos presidentes petistas Lula e Dilma Rousseff, injetou mais de R$ 400 bilhões no BNDES para possibilitar financiamentos ao setor produtivo e ainda mitigar os efeitos da crise global de 2008. Este empréstimo ao banco só vence em 2060.