Torturra: É forçar a barra dizer que as pessoas que estão produzindo o ato da Diretas são antipolíticas

Todo meu respeito, apoio e agradecimento a quem se oferece às ruas nesse momento. Sejam partidos, sindicatos, coletivos, autonomistas, anarquistas.

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Por Bruno Torturra Não estarei em SP amanhã. Uma pena. Queria estar presente no ato e os shows por Diretas Já. Torço por um grande sucesso no Largo da Batata. Acompanhei de longe muitas críticas – e alguma desqualificação gratuita – à suposta rejeição aos partidos e sindicatos. No geral não achei justo com os organizadores e artistas envolvidos. Até porque não houve rejeição alguma. Só li declarações de respeito e abertura aos movimentos supostamente "expulsos" do ato (li isso algumas vezes). Mas achei especialmente injusta a comparação com o antipartidarismo oportunista que contaminou Junho e gerou movimentos sombrios nas ruas a partir de então. Você pode preferir formas clássicas de organização política. Você pode preferir uma manifestação com o léxico e estética da esquerda. Você pode até não simpatizar com pessoas e grupos puxando esse ato de amanhã. E tudo certo. Mas é forçar a barra dizer que as pessoas que estão produzindo o evento são antipolíticas. Biograficamente isso não é verdade. Ou ainda: que um ato protagonizado por músicos e blocos – e não lideranças políticas ou sindicais – seja uma micareta. Sério mesmo? Esses artistas são dos poucos que sempre se posicionaram, sempre se arriscaram diante da opinião pública, sempre estiveram do lado, inclusive, dos sindicatos e movimentos sociais quando foram chamados às ruas. E estão entendendo, como muitos de nós, que é preciso sim abrir mais o campo, ampliar o discurso, a estética e os atores envolvidos na pressão pública por diretas e pela queda de Temer. Há riscos? Sem dúvida. Há riscos ainda maiores em não tentar algo novo. Nesse apego estético que, a esse ponto, serve mais para afirmar identidades do que um projeto político. E há ainda mais risco em não fazer nada. Por isso, todo meu respeito, apoio e agradecimento a quem se oferece às ruas nesse momento. Sejam partidos, sindicatos, coletivos, autonomistas, anarquistas. Ou artistas, produtores e carnavalescos a fim de assumir a responsabilidade de ajudar a derrubar esse verme que infecta o Palácio do Planalto. Fora Temer. E Diretas Já.