Três questões sobre Temer e como ele representa a ruína diplomática e econômica do Brasil

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A grande maioria dos chefes de estado e de governo dos países que participam dos Jogos Olímpicos fugiram de Michel Temer na festa de abertura da Rio 2016. Em primeiro lugar ele é tido como um chefe não diplomático: afinal, pela grande maioria dos líderes ele não é visto como uma liderança democrática, ele sequer recebeu telefonemas dos grandes líderes quando recebeu o cargo. Lembro de novo, ato legal não quer dizer ato democrático Por Adriana Dias* A grande maioria dos chefes de estado e de governo dos países que participam dos Jogos Olímpicos fugiram de Michel Temer na festa de abertura da Rio 2016. Em primeiro lugar, ele é tido como um chefe não diplomático: afinal, pela grande maioria dos líderes ele NÃO é visto como uma liderança democrática, ele sequer recebeu telefonemas dos grandes líderes quando recebeu o cargo. Lembro de novo, ato legal não quer dizer ato democrático. A segregação racial foi ato legal em muitos países... Além disso, a imprensa internacional já deixou claro que um Congresso corrupto quer depor uma presidenta honesta. A fama de Temer lhe antecede. Em segundo lugar, isso revela os imensos equívocos da política externa do governo Michel Temer. Como essa política externa pode levar o Brasil a perder acordos importantíssimos? Como um líder pode garantir bons acordos comerciais se sequer é aceito na abertura do maior evento esportivo do mundo como um líder democrático? Em terceiro lugar, o Ministério das Relações Exteriores tem prejudicado acordos econômicos importantíssimos, no setor de agropecuária, com sua péssima relação com o BRICS. E quando mexerem no bolso do agronegócio, o jogo vira. Lembrem também: Lula e Dilma foram os líderes responsáveis por trazer as Olímpiadas ao Brasil e, com o golpe de Michel Temer, líderes mundiais meramente desconheceram o interino e enviaram representantes. O Itamaraty anunciara que 45 chefes-de-estado e de governo estariam na abertura dos Jogos Olímpicos na noite desta sexta-feira. Mas foram apenas 18 (sendo que dois, Luxemburgo e Mônaco, fazem parte do COI Comitê Olímpico Internacional e, por isso, tinham a obrigação de vir ao Brasil) todos os outros eram apenas vice-primeiros ministros, governadores e autoridades de segundo escalão. O fiasco brasileiro pode ser medido pela participação de chefes de Estado e de governo nas olimpíadas anteriores: mais de 90 em Londres (2012), mais de 70 em Pequim (2008) e 48 em Atenas (2004). Embora o Ministério das Relações Exteriores, os faltosos usaram a desculpa da “distância” que separa o Brasil de seus países, mas a verdade é outra, se lembrarmos que há dois anos atrás, o Brasil foi a sede da Copa do Mundo de futebol e que dos 32 chefes de Estado cujos países competiam no evento, a a presidenta Dilma Rousseff recebeu 28 chefes de Estado e de governo, entre os quais Shinzo Abe (Japão), Angela Merkel (Alemanha), Xi Jinping (China), Vladimir Putin (Rússia), Narendra Modi (Índia), Jacob Zuma (África do Sul), Mohammed Bin Rashid Al Maktoum (Emirados Árabes Unidos), Michelle Bachelet (Chile), Evo Morales (Bolívia), Juan Manuel Santos (Colômbia), Rafael Correa (Equador), José Eduardo dos Santos (Angola) e Denis Sassou-Nguesso (Congo). *Adriana Dias é Bacharel em Ciências Sociais, em Antropologia, Mestre e Doutoranda em Antropologia Social - tudo pela UNICAMP. É também coordenadora do Comitê "Deficiência e Acessibilidade" da Associação Brasileira de Antropologia, e coordenadora de pesquisa tanto no Instituto Baresi (que cria políticas públicas para pessoas com doenças raras) quanto na ONG ESSAS MULHERES (voltada à luta pelos direitos sexuais e reprodutivos e ao combate da violência que afeta mulheres com deficiência). É Membro da American Anthropological Association, e foi membro da Associação Brasileira de Cibercultura e da Latin American Jewish Studies Association.