Tricolor Celeste é lançado hoje em São Paulo

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Às 19 horas de hoje será lançado, no Bar Boleiros, em São Paulo, o livro Tricolor Celeste, do jornalista Luís Augusto Símon, o Menon. A obra retrata a trajetória de quatro altetas uruguaios que fizeram história no São Paulo: Pabrlo Forlán, Pedro Rocha, Darío Pereyra e Diego Lugano.

O Bar Boleiros fica na rua Mourato Coelho, 1194 e o livro já está disponível para a venda aqui. Confira abaixo um dos trechos da obra, que conta o difícil começo de Lugano no clube paulista.

O “zagueiro do presidente”

Em 10 de abril de 2003, um uruguaio assustado chegou a São Paulo. Contratado por míseros 200 mil dólares chegou para resolver o problema do time. A negociação havia sido feita por Juan Figer, empresário de grande trânsito no Morumbi. Ele mostrou vídeos de Lugano, de quem falou maravilhas ao presidente Marcelo Portugal Gouvêa.
“O Portugal Gouvêa veio a Montevidéu conversar comigo. Falou sobre o São Paulo e eu aceitei o desafio. Depois, ele me contou que a contratação foi feita não pelos vídeos, mas pela firmeza com que eu falei com ele, pelo modo entusiasmado que disse ?sim?”. O presidente havia acertado. Lugano faria muito sucesso no São Paulo. No início, era ironicamente chamado de “o zagueiro do presidente”, Depois, o próprio Portugal Gouvêa diria, com orgulho que ele era mesmo “o zagueiro do presidente”.
O São Paulo vivia um momento ruim, com zagueiros com defensores como Jean, Wilson, Júlio Santos, Régis, Reginaldo Cachorrão e outros. E a torcida desconfiou de um uruguaio barato e de currículo sem brilho. Queria um grande nome que ajudasse o time a sair da situação de sempre derrotado pelo Corinthians. Lugano faria isso. Mais do que isso, trituraria a fama de time sem brio e sem alma que o São Paulo tinha. Mas antes, sofreria muito.
A apresentação de um novo jogador de time grande é uma festa para fotógrafos. É a certeza de que terão uma foto publicada. Eles pedem que a nova camisa seja colocada lentamente para que não haja atropelo na hora das fotos. Não satisfeitos, sugerem poses e não se interessam apenas em captar o que está acontecendo. Interferem no fato.
“Dê um sorriso, Lugano. Mostra que está contente”, alguém disse.
A resposta foi surpreendente.
“Não vejo motivo nenhum para sorrir sem motivo. Vim aqui para vencer e só vou dar risada quando estiver comemorando algum título”, disse o desconhecido.
Em nossa conversa na capital uruguaia, seis anos depois, ele explicou. “Antes de chegar a São Paulo, já li o noticiário na internet e vi que todo mundo desconfiava de mim. Estava nervoso. E aí vem alguém que nunca vi na vida e me manda dar risada. Achei que era uma gozação, achei que estavam pensando que eu era palhaço. E prometi de novo que seria um vencedor no São Paulo.” Bicho do mato. Obstinado.
Lugano, antes de vencer, seria acusado da queda do técnico Osvaldo de Oliveira, que não o havia recomendado. Culto, fã de Chet Baker e de sambistas da antiga, como Nelson Sargento, o então técnico do São Paulo diferia do perfil mais conhecido de técnicos brasileiros, que buscam sempre falar a linguagem do jogador.
Oswaldo, não. Usa termos em inglês. Acréscimo, para ele, é “injured time”. Monta times ofensivos, mas estava marcado pela perda do título brasileiro de 2002. O São Paulo, de Kaká, Ricardinho, Luís Fabiano e Reinaldo, além de Rogério Ceni no gol, foi eliminado pelo surpreendente Santos de Diego e Robinho nas quartas-de-final. As críticas a Oswaldo aumentaram. E ficaram ainda maiores quando ele desobedeceu a uma ordem para não escalar o lateral-direito Gabriel, que, era considerado, pela diretoria, uma espécie de “herança maldita” por ganhar muito e jogar pouco. Um exagero.
Em 27 de abril de 2003, Gabriel estava em campo e o São Paulo foi goleado por 5 a 2 pelo Paysandu, em Belém. Dos 26 aos 33 minutos do primeiro tempo, Robgol fez três gols. Todos com falhas de Gabriel. No feriado de 1º de Maio, o São Paulo venceu o Figueirense por 1 a 0, no Morumbi. Mesmo assim, Oswaldo foi demitido. Havia colocado Gabriel no segundo tempo.
Mas não foi esta a versão que prevaleceu. Jornais, rádios e televisões decidiram que Oswaldo havia caído porque não escalara o “zagueiro do presidente”. E buscaram meios de confirmar o que já haviam determinado. E ninguém acreditou nas palavras coerentes de Lugano. “O meu visto de trabalho não estava pronto e eu, nem que o Oswaldo quisesse, poderia ser escalado. Mas ninguém me escutava. Tudo estava definido mesmo. A culpa era do uruguaio”, comentou Lugano, misturando tristeza e ironia, seis anos depois.