TSE cria núcleo contra tese bolsonarista de fraude nas eleições

Nesta terça-feira (27), tribunal desmentiu nova fake news de apoiadores de Bolsonaro que dão conta que a tecnologia das urnas é a mesma desde 1996

Foto: Antonio Augusto/TSE
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O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), segue em sua empreitada para desmentir as notícias falsas espalhadas por bolsonaristas que colocam em dúvidas a segurança do sistema eleitoral brasileiro.

Segundo matéria publicada no blog de Fausto Macedo, do Estadão, nesta terça-feira (27), Barroso criou um núcleo com dois funcionários do alto escalão do tribunal para monitorar manifestações que atentem contra a legitimidade das eleições.

O núcleo será composto pela secretária-geral do TSE, Aline Osório, e pelo secretário de tecnologia do tribunal, Julio Valente, que reforçarão a campanha contra notícias falsas que já está funcionando no site oficial da Corte.

Fake news sobre a urna

Já nesta terça-feira (27), o TSE divulgou um texto em seu site oficial para desmentir uma fake news bolsonarista de que as urnas eletrônicas possuem a mesma tecnologia desde 1996.

"É falsa a afirmação de que as urnas eletrônicas atuais apresentam a mesma tecnologia de 1996. O sistema de votação brasileiro é objeto de aprimoramentos constantes, que acompanham o desenvolvimento científico nas áreas de segurança de sistemas e de sistemas embarcados", diz um trecho da nota.

"Embora o design exterior da urna tenha sido preservado ao longo dos anos, por dentro, a urna evoluiu significativamente. O TSE adquiriu urnas nos anos de 1996, 1998, 2000, 2002, 2004, 2006, 2008, 2009, 2010, 2011, 2013, 2015 e 2020. Os modelos de 1996 a 2008 já não estão mais em uso. A cada novo modelo, as urnas eletrônicas tornaram-se mais modernas e seguras. A título de exemplo, a partir do modelo de 2009, a urna ganhou uma evolução tecnológica relevante: para incrementar a segurança, foram introduzidos o hardware de segurança e a cadeia de confiança do software", prossegue o TSE.

Medo de perder, voto impresso e tese de fraude

A tese bolsonarista de que há fraude no sistema eleitoral brasileiro tem sido usada como forma de deslegitimar o pleito diante da possibilidade do presidente Jair Bolsonaro ser derrotado na próxima eleição.

Neste sentido, Bolsonaro e sua base de apoio no Congresso tentam aprovar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para instituir o voto impresso. Além disso, o presidente afirma que vai apresentar provas de que há fraude nas eleições, mas até agora não o fez.

Na última quinta-feira (22), o TSE divulgou nota para rebater mais uma fala de Bolsonaro sobre essa tese.

Em sua live semanal, o titular do Planalto lançou teoria conspiratória dizendo que a apuração dos votos seria feita por “meia dúzia de servidores”, de forma secreta.

“Se o Lula tem 49% no Datafolha, o voto auditável, impresso e com contagem pública, ele vai ganhar as eleições. O que demonstra para gente o que ta acontecendo é o seguinte. Tiraram o Lula da cadeira, tornaram elegível para ser presidente. De que forma? Pega o instituto de pesquisa Datafolha, que ninguém confia mais mas está o tempo todo dizendo que o Lula é o cara. A desconfiança é que esse percentual vai ser acertado entre meia dúzia de servidores do TSE”, afirmou Bolsonaro.

O TSE, sem citar o presidente, então, esclareceu que a informação é falsa. “Em verdade, a apuração dos resultados é feita automaticamente pela urna eletrônica logo após o encerramento da votação. Nesse momento, a urna imprime, em cinco vias, o Boletim de Urna (BU), que contém a quantidade de votos registrados na urna para cada candidato e partido, além dos votos nulos e em branco. Uma das vias impressas é afixada no local de votação, visível a todos, de modo que o resultado da urna se torna público e definitivo. Vias adicionais são entregues aos fiscais dos partidos políticos”, diz o tribunal.

Na longa nota, o TSE destrincha como funciona a apuração dos votos da urna eletrônica e informa que há auditoria “antes, durante e depois da votação”. “Há, durante todo o processo, diversos mecanismos de auditoria e verificação dos resultados que podem ser acompanhados pelos partidos políticos, pelo Ministério Público, pela Ordem dos Advogados do Brasil e por mais de uma dezena de entidades fiscalizadoras, além do próprio eleitor”, escreve.

A nova declaração de Bolsonaro colocando em xeque a segurança das urnas foi feita no mesmo dia em que foi revelada ameaça feita pelo ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sobre as eleições de 2022. O militar teria afirmado que, sem voto impresso, não haveria o próximo pleito eleitoral.