Um conflito mundial pela energia

O verdadeiro interesse que se esconde por trás da atual campanha contra a Petrobras pode ser resumido em uma palavra: petróleo. As principais guerras da atualidade acontecem em países dotados deste recurso

P-51, a primeira plataforma petroleira 100% brasileira (Foto Divulgação Petrobrás/Abr)
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O verdadeiro interesse que se esconde por trás da atual campanha contra a Petrobras pode ser resumido em uma palavra: petróleo. As principais guerras da atualidade acontecem em países dotados deste recurso 

Por Igor Fuser*, no site do MAB 

O verdadeiro interesse que se esconde por trás da atual campanha contra a Petrobras pode ser resumido em uma palavra: petróleo. No mundo inteiro, a política externa dos Estados Unidos tem como principal foco o controle político dos países dotados de valiosas reservas de energia, em especial o petróleo. Você duvida? Olhe, então, para os principais conflitos da atualidade.

O Iraque, que está prestes a ser invadido por tropas estadunidenses a pretexto de combater os terroristas do Estado Islâmico, é dono da terceira maior reserva petrolífera do planeta.

A Rússia sofre uma forte pressão do imperialismo estadunidense e das potências europeias a ele subordinadas (Inglaterra, França, Alemanha). Os EUA se recusam a aceitar que o governo russo de Vladimir Pútin adote uma linha de conduta soberana na cena internacional e na gestão dos recursos do país, entre os quais se destacam o petróleo e o gás natural.

Essa é a raiz do golpe de Estado do ano passado na Ucrânia. O golpe resultou na atual guerra civil ucraniana, que as autoridades estadunidenses tratam de fomentar por meio do envio de armas, dinheiro e assessores militares.

Também o Irã, outro grande produtor de petróleo, há 35 anos é alvo do assédio das potências imperialistas. Para aplicar sanções econômicas, os EUA inventaram uma mentira sobre o programa nuclear iraniano, com base em acusações sem provas. A maior vítima é o povo de lá, que sofre com o isolamento do país.

E aqui na América do Sul assistimos a uma campanha feroz contra o governo venezuelano, que está enfrentando mais uma ofensiva golpista da direita. Desde a morte do presidente Hugo Chávez, os EUA e a burguesia local estão tentando dar fim ao processo de mudanças aplicado no país. Querem derrubar o governo legítimo do presidente Nicolás Maduro para colocar as mãos, novamente, no imenso tesouro da Venezuela: a maior reserva mundial de petróleo.

Com o objetivo de enfraquecer governos insubmissos, os EUA orquestraram em parceria com a Arábia Saudita, a derrubada dos preços internacionais do petróleo. Com isso, o imperialismo espera criar uma situação econômica difícil na Rússia, na Venezuela e no Irã, na expectativa de substituir os atuais governantes desses países por outros, alinhados com os interesses do Império estadunidense.

Nesse cenário, entende-se a cobiça que o pré-sal brasileiro desperta na cabeça dos estrategistas de Washington e nas empresas multinacionais de petróleo, quase todas estadunidenses ou europeias. Graças ao nosso pré-sal, a maior descoberta petrolífera das últimas décadas, a Petrobrás se tornou uma peça central no tabuleiro mundial da energia.

Os tubarões do mercado estão de olho nessa riqueza, mas o governo Lula adotou regras, em 2010, que garantem o controle estatal sobre nossas reservas. É esse marco jurídico que os inimigos do Brasil querem romper, para entregar o pré-sal ao apetite voraz das multinacionais petroleiras, num primeiro momento, e em seguida completar o banquete com a privatização total da Petrobrás.

*Igor Fuser é doutor em Ciência Política pela USP e professor na Universidade Federal do ABC.

Foto: Divulgação Petrobrás/Abr