União Europeia elogia medida do Twitter contra Trump e quer mais ações das plataformas

Comissão executiva do bloco discutiu o combate à desinformação na pandemia e avalia que campanha anti-vacina é próximo desafio

Foto: Divulgação/EU
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de Bruxelas (Bélgica)

A Comissão Europeia discutiu nesta quarta-feira (10) a escalada de desinformação em plataformas online durante a pandemia de coronavírus e pediu ações mais robustas das empresas, em reunião acompanha pela Fórum.

Para o "poder executivo" da União Europeia, há um aproveitamento da crise sanitária por "atores externos" para a proliferação de conteúdos falsos e maliciosos, teorias da conspiração e até a comercialização de produtos que podem pôr em risco a vida da população.

“Não se trata de censura, nem da remoção de conteúdos, mas sim do restabelecimento da verdade dos fatos”, afirmou Vera Jourova, vice-presidente da Comissão Europeia para a área de Valores e Transparência.

Jourova elogiou a ação do Google, que eliminou mais de 80 milhões de anúncios que promoviam conselhos nocivos e produtos fraudulentos para combater coronavírus, e a decisão do Twitter de aplicar uma etiqueta de verificação de fatos em mensagens do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

“É precisamente o tipo de reação que nós apoiamos”, disse, destacando que “ninguém devia confiar exclusivamente na declaração de uma autoridade quando tem acesso a fatos que revelam outros ângulos”. No entanto, Jourova, expressando um sentimento dominante entre os integrantes da Comissão, considera que as empresas "têm que fazer mais".

“É preciso mobilizar as autoridades públicas, mas também as plataformas online. Reconheço as importantes medidas adotadas pelas plataformas nesta crise e apoio o esforço feito para disponibilizar acesso a informações credíveis de autoridades de saúde e para remover conteúdos e anúncios falsos ou maliciosos, mas há espaço para melhorarem", disse.

Vacina é próxima batalha

A reunião lembrou casos recentes em que os conteúdos falsos levaram pessoas a vandalizar estruturas de 5G, falsamente ligadas à China e ao vírus, e a beber desinfetantes, causando danos reais à saude. Mas a Comissão avalia que a vacinação deve ser a próxima batalha.

Jourova apresentou um estudo recente, conduzido na Alemanha, que aponta queda na intenção dos pais de imunizar crianças contra doenças infecciosas -- vinte pontos percentuais em menos de dois meses.

Segundo a Comissão, os principais alvos da desinformação foram os mais expostos aos impactos da pandemia e, por isso, mais vulneráveis a fraudes.

Rússia e China

Especificamente sobre os conteúdos falsos ligados ao espaço europeu, o Alto Representante para a Política Externa da União Europeia, Josep Borrell afirmou que a Comissão tem provas da existência de campanhas "para atacar a credibilidade e prejudicar tanto a União Europeia como os seus Estados-membros”.

De acordo com Borrell, tratam-se de ações patrocinadas por agentes estatais, principalmente a Rússia e a China, interessados em influenciar e manipular a opinião pública. No entanto, nem Jourova nem Borrell oderam uma descrição concreta das provas contra os países.

A Comissão recomendará uma cooperação com a OTAN (aliança militar dos país do Atlântico Norte) e o G7 (grupo das sete potencias), considerando que as campanhas estatais de desinformação são também uma ameaça de segurança, e estabeleceu um conjunto de medidas e recomendações que serão discutidas com as plataformas de internet.