Vannuchi defende resgate histórico da memória de lutas do período de ditadura militar

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Imagem: Elza Fiúza/ABr

O secretário especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, Paulo Vannuchi, defendeu hoje, 11, um resgate histórico, por parte das novas gerações, da memória de lutas do período de ditadura militar. Para o secretário, que participou do Seminário Internacional A Luta pela Anistia: 30 anos, o passado do Brasil é uma “preciosa experiência histórica que as novas gerações não têm o direito de deixar sepultado e esquecido”. O evento teve início hoje, 11,  na Estação Pinacoteca do Estado de São Paulo, e segue até o dia 15.

Vannuchi disse que a anistia, apesar de ser um assunto polêmico e de ainda manter em aberto questões para a definição judicial de casos de tortura e assassinatos, representou um passo importante na história do Brasil. Para ele foi a anistia quem permitiu o retorno ao Brasil de personalidades políticas que impulsionaram o processo de luta pelo fim da ditadura, que ocorreu em 1985 com eleição de Tancredo Neves no colégio eleitoral.

O secretário ressaltou que o desejo de punição aos torturadores não é revanchista e, sim, um dever institucional histórico e ético de desprezar a impunidade. “Se tinha no Brasil a idéia de que torturou-se, matou-se, ocultou-se cadáveres e isso deveria ser esquecido. Evidentemente nós estamos construindo um Brasil daqui para frente muito mais aberto e intolerante à repetição dessa barbárie”.

Além da luta pela punição aos torturadores e pela abertura dos arquivos da ditadura, o integrante do Fórum dos Ex-presos e Perseguidos Políticos Raphael Martinelli afirmou que o grupo se preocupa com a disseminação de informações sobre o período da ditadura militar para que, ao conhecer sua história, as novas gerações não permitam repetições.

“É preciso que a juventude aprenda desde criança para dar valor ao que significa a democracia. Eu espero que com essa educação as pessoas saibam mais sobre o que significou a ditadura em termos de atraso político, intelectual e tudo mais para os trabalhadores.”

Martinelli reforçou que ainda há resquícios ditatoriais no país quando não se revela quem foram os torturadores e assassinos para que eles sejam devidamente punidos. “Isso é ruim para o Brasil. Todos os outros países tomaram posição, além dos organismos internacionais. E aqui no Brasil estamos democraticamente fazendo conferências, palestras para que a sociedade e as autoridades entendam que devem tomar posição.”

A historiadora e membro da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, Janaina Teles, filha e sobrinha de ex-presos e perseguidos políticos, que também foi presa aos 5 anos de idade e separada de seus pais, considerou importante a iniciativa de realizar eventos periódicos para lembrar o período da ditadura e, principalmente, para exigir a punição de torturadores.

“Há 30 anos nós lutamos para que esses assuntos sejam debatidos amplamente por toda a sociedade. A luta por verdade e justiça no Brasil em relação aos crimes cometidos durante a ditadura militar é um assunto político e de toda a sociedade. Então é de toda importância que eventos como esse ocorram para que o debate e as propostas sejam discutidos.”