Violência de Estado aumenta e número de feridos dispara no Equador; já são 11 dias de protestos

Militarização de Quito e decretos de toques de recolher fazem a repressão endurecer; manifestantes criticam blindagem midiática e postura ditatorial de Lenín Moreno

Foto: Fernanda Gallardo/Voces Ecuador
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Um novo informe da Defensoria Pública do Equador publicado neste domingo (13) dá conta de que nos últimos dois dias o número de atendimentos de manifestantes em hospitais disparou. O aumento no número de feridos se relaciona diretamente com o endurecimendo da repressão promovida pelo presidente Lenín Moreno, que já tem sido chamado de ditador por equatorianos. No sábado ele decretou 24h de toque de recolher na capital Quito e nos vales, mas recuou da medida neste domingo. "Se evidencia que dos dados reportados no dia 12 de outubro de 2019, existe um aumento de 403 atendimentos de saúde, isso sem considerar os realizados por pessoas voluntárias", diz a Defensoria em informe que reporta um total de 1304 pessoas que passaram por atendimento médico em decorrência dos protestos desde o dia 3 de outubro. Os dados se baseiam em informações do Ministério da Saúde, da Cruz Vermelha e do Instituto Equatoriano de Saúde Pública (IESS). A província mais afetada é Pichincha, onde se localiza a capital. Há registro de 7 mortos e movimentos denunciam mais de 80 desaparecidos.

1152 detidos

Ainda segundo informações do organismo, 1152 foram detidas nestes 11 dias de manifestações, com 274 processados pelo governo e 878 liberados após chegarem na delegacia. "Ou seja, em somente 24% dos casos de pessoas apreendidas pela força pública houve razões e elementos para que a justiça penal atuasse", denuncia. Na manhã deste domingo o presidente Lenín Moreno derrocou um decreto de toque de recolher de 24h que havia estabelecido na tarde de ontem na cidade de Quito. A medida acontece em razão da realização de uma mesa de diálogo com dirigentes indígenas que acontece às 15h (17h no horário de Brasília) na capital. Às 20h [22h de Brasília], o país volta ao regime de toque de recolher, por conta de outro decreto editado pelo mandatário, que ordena que ninguém saia de casa entre 20h e 5h30.

Diálogo?

Os últimos dois dias tem sido bastante agitados no país. Enquanto Lenín promete diálogo, a Força Nacional segue reprimindo os manifestantes. Vídeos divulgados nas redes mostram muitos tiros disparados por policiais e uma enorme quantidade de bombas de gás lançadas contra a população. Na noite de sábado, moradores de Quito desrespeitaram o toque e foram às ruas em um grande panelaço pela paz e contra o governo.

Blindagem midiática

Manifestantes criticam ainda uma chamada blindagem midiática promovida pelas principais emissoras do país, que tem tentado esconder as grandes manifestações organizadas contra as reformas neoliberais promovidas por Lenín Moreno e defendidas pelo FMI. Sedes de alguns meios de comunicação hegemônicos foram alvo de ação direta e, nos dois dias deste final de semana, a Controladoria Geral do Estado apresentou focos de incêndio. No sábado, a rede TeleSUR teve o sinal cortado em duas empresas de TV a Cabo por ordens do governo, mas, após forte pressão, a Cable TV colocou a emissora de volta em sua programação. A DirecTV segue sem retransmitir o sinal. Confira alguns vídeos [alerta para cenas chocantes]: https://twitter.com/rvianna/status/1183141105027747840?s=19 https://twitter.com/pichinchauniver/status/1183233769190367233 https://twitter.com/teleSURtv/status/1183432738466156544  

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