Wikileaks: resposta à declaração de Bradley Manning

Declaração de arrependimento foi "extraída à força", segundo Wikileaks. "Em corte justa, o governo dos EUA pediria desculpas a Bradley Manning"

Nesses dias finais, é preciso intensificar a pressão pública contra a corte militar que julga Bradley Manning, antes de que se consuma a decisão sobre a sentença que terá de cumprir (Foto: A Pública)
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Declaração de arrependimento foi "extraída à força", segundo Wikileaks. "Em corte justa, o governo dos EUA pediria desculpas a Bradley Manning" Por Wikileaks. Original em “Response to Today’s Bradley Manning Statement”. Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu e publicado na redecastorphoto [caption id="attachment_29018" align="alignright" width="300"] Nesses dias finais, é preciso intensificar a pressão pública contra a corte militar que julga Bradley Manning, antes de que se consuma a decisão sobre a sentença que terá de cumprir (Foto: A Pública)[/caption] Os jornais informam que Bradley Manning fez hoje uma declaração de arrependimento, em audiência para sentença, em Fort Meade, Maryland. A declaração de Manning surge no fim de uma corte marcial, na qual os procuradores atuaram com fúria sem precedentes. Desde que foi preso, o Sr. Manning tem sido exemplo de resistência e coragem ante a adversidade. Resistiu sempre a pressões extraordinárias. Sobreviveu à prisão em cela solitária, nu e submetido a tratamento cruel, desumano e degradante, pelo governo dos EUA. Ignorou-se o seu direito constitucional a julgamento rápido. Está preso há três anos, sob condições ilegais de prisão, enquanto o governo arrebanhava 141 testemunhas e ocultava os milhares de documentos aos quais os advogados da defesa não tiveram acesso. O governo negou-lhe o direito de construir defesa básica de whistleblower [alertador]. Foi indevidamente acusado, até que se viu ante a iminência de ser condenado a um século de cadeia, tendo tido impedidas praticamente todas as suas testemunhas, exceto umas poucas. Negaram-lhe o direito de declarar em sua defesa, no julgamento, que os atos de que era acusado não provocaram dano algum. Seus advogados foram preventivamente impedidos de falar das intenções do acusado e de provar que suas ações não prejudicaram ninguém. Apesar de todos esses obstáculos, o Sr. Manning e sua equipe de defesa lutaram passo a passo a luta que lhes foi imposta. Mês passado, foi condenado a penas que chegavam a 90 anos de prisão. O governo dos EUA admitiu que suas ações não feriram fisicamente ninguém; e foi absolvido da acusação de “ajudar o inimigo”. Suas condenações só têm a ver com a suposta decisão de informar a opinião pública sobre crimes de guerra e a prática sistemática de atos injustos. Mas, afinal, se esgotaram as opções para o Sr. Manning. A única moeda que essa corte militar aceitaria seria a humilhação. À luz disso, a decisão forçada do Sr. Manning, de pedir desculpas ao governo dos EUA, na esperança de reduzir uma década ou mais em sua sentença, tem de ser vista com compaixão e compreensão. As desculpas foram declaração arrancada dele, depois de longo massacre a que foi submetido sob o peso do sistema militar judicial dos EUA. Foram necessários três anos e milhões de dólares, para extrair dois minutos de remorso tático desse homem valente. As desculpas foram extraídas à força de Bradley Manning. Em corte justa, o governo dos EUA pediria desculpas a Bradley Manning. Como o atesta a sua indicação ao Prêmio Nobel da Paz, já com mais de 100 mil assinaturas, Bradley Manning mudou o mundo para melhor. E ele permanece, como símbolo de coragem e de resistência humanitária. As desculpas do Sr. Manning mostram que, no que tenha a ver com sua sentença, ainda há décadas pelas quais lutar. Nesses dias finais, é preciso intensificar a pressão pública contra a corte militar que julga Bradley Manning, antes de que se consuma a decisão sobre a sentença que terá de cumprir. WikiLeaks continua a apoiar Bradley Manning e manterá a campanha, até que seja posto em liberdade, sem condições. LIBERTEM BRADLEY MANNING