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OPINIÃO
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É inegável que o rebuliço de ontem com a tentativa de transferência de para Tremembé foi um movimento ousado de Moro e seu Partido Lavajatista para atiçar os delinquentes adeptos do bolsonarismo e dar uma sobrevida para a operação que se transformou em um partido político sem legenda.
É como se o ex-presidente fosse uma espécie de quarto do pânico do extremismo que assola o país e corrói as instituições da República.
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Bolsonarismo em crise? Delação do Palocci para falar mal do Lula. Moro e Deltan em apuros? Vamos expor Lula em uma via sacra de humilhações. Bolsonaro falou besteira? Joga o Lula no meio!
Se no século passado Chico Buarque cantava Geni e o Zepelim, hoje seguramente a canção se chamaria Lula e o Zepelim.
Acontece que o show pirotécnico de ontem promovido por um juiz escolhido a dedo pelo ministro Sérgio Moro pode ter colhido uma derrota, mas certamente colocou mais uma vez a corda no pescoço do Supremo Tribunal Federal que tardiamente percebeu o monstro e aquilo que o próprio ministro Gilmar Mendes chama de organização criminosa que se instalou no Ministério Público Federal.
A manobra desta vez foi bem semelhante à realizada no episódio envolvendo a revista Crusoé, onde o lavajatismo com seus vazamentos seletivos para provocar o STF, colocou o mesmo de joelhos em um escrutínio público. Em Maio eu já havia detalhado a audaciosa estratégia do grupo. Também descrevi alguns pontos dessa jogada em meu Twitter.
Mas desta vez não contaria com a presunção dos ministros para tal, a absurda transferência de Lula, sem os procedimentos para um ex-chefe de Estado seria tão escandalosa que obrigaria o STF a cumprir seu dever constitucional (algo que o STF anda deixando a desejar) em um momento que faria parte da opinião pública acreditar que seria um revanchismo dos ministros em mais um episódio da escalada de animosidade entre as instituições.
O movimento obviamente deixou os delinquentes bolsonaristas alvoroçados.
Ao mesmo tempo que a lava jato avançaria sobre Bolsonaro se fosse necessário, eles também se alinham aos objetivos dele e seu grupo quando são necessários. Mesmo com a complacência dos ministros com maioria das atrocidades cometidas pelo presidente, o tribunal ainda faz vista grossa e muitas vezes não cumpre seu dever institucional de contenção do autoritarismo e preservação da constituição.
O fato é que a transferência foi algo premeditado, justo no mês onde o STF votará a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro e que a operação/partido sofre severas derrotas com as revelações dos diálogos do Telegram do procurador Deltan Dallagnol. Avivar o bolsonarismo é o que garante mais tempo de vida para eles. Logo, usaram Lula (mais uma vez) para salvar a lava jato. Uma estratégia já conhecida.
A Lava Jato, ao longo de cinco anos, sempre buscou incendiar o país com delações. Várias vezes destruiu reputações de pessoas que, mais tarde, foram inocentadas.
Tudo isso para abrir caminho para o caos que vivemos hoje. Um ex-presidente que era primeiro colocado nas pesquisas eleitorais preso e o juiz responsável pela sua prisão nomeado ministro no governo do segundo lugar nas pesquisas.
E ainda digo mais, Bolsonaro e Moro com a transferência deixaram claro que a intenção era matar Lula! Já que a liberdade do ex-presidente se torna algo iminente.
Não é de hoje que o governo vive a sanha de produzir seus próprios cadáveres e ter seu próprio Rubens Paiva como os gorilas de 64. Vide o próprio pacote anticrime que eu chamo de pacote pró-barbaridade.
Precisamos ficar atentos. Afinal de contas o que é mais um homicídio em penitenciária em um governo que assistiu e até de maneira contida aplaudiu outros massacres em penitenciárias?