Em nota, Clube Militar (o Lar da Ditadura) quer um novo golpe. Que novidade!

O sarcófago do atraso reacionário foi aberto com a anulação das condenações de Lula. O bafo sulfúrico dos militares de pijama clama por uma “ruptura institucional” – Por Henrique Rodrigues

Foto: Tanque do Exército guarda a frente do Congresso Nacional, durante a Ditadura Militar.
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Parem as máquinas! O mundo repercutiu a decisão do STF de anteontem (8) que anulou as condenações do presidente Lula. O campo progressista ganhou uma lufada de oxigênio puro, traduzido em esperança, enquanto a mídia corporativa fez o de sempre, demonizando o líder petista. Mas a cereja do bolo ficou por conta do Clube Militar, uma organização mofada e démodé que reúne a nata do golpismo histórico antidemocrático, que louva torturadores e se orgulha de uma ditadura assassina.

Numa nota de teor psiquiátrico e com o típico vocabulário cafona, demagogicamente cheio de palavras como “nação”, “lealdade” e “unidade nacional”, sem a menor cerimônia, os oficiais da reserva das Forças Armadas ameaçaram o Brasil com uma “ruptura institucional”. Trocando em miúdos: um golpe militar para (novamente) assaltar os poderes do Estado.

É claro que aqueles que se propõem a uma indigência como essa não têm vergonha e, tampouco, se preocupam em serem vistos como tiranos golpistas e traidores da democracia.

Se em mais de 50 anos não se envergonharam ainda da trapaça truculenta que orquestraram, de todas as pancadas dadas, dos gritos de horror nas sessões de tortura, dos assassinatos e desaparecimentos que destruíram famílias, não seria agora que essa trupe embolorada teria bom senso.

Esse pessoal parece que está preso numa caixa atemporal, ainda nos anos 60, onde as relações no mundo se pautam pela Guerra Fria. Nessa caixa, eles bolam planos mirabolantes, ignorando as relações globais contemporâneas, tomando rabo-de-galo e ouvindo Celly Campello.

Adoram também o conceito torto de “honestidade”. Enchem a boca pra chamar os outros de ladrões, bandidos, terroristas, corruptos. Só que esquecem seletivamente todas as picaretagens da caserna, como o caso do reverenciado (por eles) ditador Emílio Garrastazu Médici, que “adotou” a neta fraudulentamente no final da vida para repassar sua pensão à criança. Também não falam do general Amaury Kruel, comandante do 2° Exército à época do Golpe de 1964, que recebeu uma fortuna da FIESP para aderir ao levante contra Jango, ou ainda do episódio da Hidrelétrica de Tucuruí, construída pelos militares por um valor 400% maior do que o do orçamento original. Precisaria de centenas de laudas para colocar no papel as safadezas e roubalheiras.

Por falar em terrorista, o descompensado débil que ocupa a sede da República, tietado no clube, foi expulso da carreira militar por insubordinação e por arquitetar atentados a bomba para pressionar o comando do Exército Brasileiro em suas demandas por aumento dos soldos.

Isso para não mencionar os escândalos atuais, da tropa mais bem nutrida do mundo, de bico doce, que capricha no churrasco com carne premium, lombo de bacalhau, uísque 12 anos, conhaque, cervejas puro malte, chantilly, bombons finos e R$ 2 milhões em chicletes.

Aí, é só falar no ex-presidente que os valorosos amedalhados surtam. Levantam rijos da poltrona reclinável e prestam continência à bandeira da pátria para qual sempre se lixaram. Ficam doidinhos.

O sarcófago do atraso reacionário foi aberto com a anulação das condenações de Lula. O bafo sulfúrico dos militares de pijama clama por uma “ruptura institucional”.

Generais... Voltem para o dominó e deixem o Brasil para os brasileiros. O patriotismo fajuto, gritalhão e hipócrita nunca fez deste país uma nação de respeito. Agora não será diferente.

*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.