Em muitos municípios brasileiros o gás de cozinha chega a custar 120 reais. No fórum sindical da última quinta-feira (25/02), o governador do Maranhão, Flávio Dino, informou que tirou 22% do ICMS do preço do gás de cozinha, mesmo assim o preço final do produto não caiu.
Ontem (2/03), a Petrobras anunciou o terceiro aumento do ano para o gás de cozinha, o quarto para o diesel e quinto aumento da gasolina em 2021.
Na próxima quinta-feira (4), a Central Única dos Trabalhadores, suas confederações e sindicatos filiados realizarão uma ação solidária em várias cidades do país para demonstrar, na prática, como os preços dos combustíveis poderiam ser mais baratos. Se não fosse a política da Petrobras PPI (Preço de Paridade de Importação), que adota os preços do mercado internacional para o mercado nacional, o consumidor não seria exposto à variação do dólar e às demandas do mercado global.
A PPI passou a ser adotada na Petrobrás com o golpe de 2016 e continua até hoje, no governo Bolsonaro. Mas o discurso de Bolsonaro é que os preços são altos devido aos impostos, pois a população desconhece a PPI.
Com o golpe, o fechamento e privatização de refinarias, o Brasil está virando um exportador de óleo bruto e importador de refino. Assim, além de pagar o preço internacional, é acrescido no preço final dos combustíveis e gás de cozinha, o custo do transporte e seguro até vir para o Brasil.
O petroleiro da FUP e secretário de Comunicação da CUT, Roni Barbosa, argumenta em matéria do portal da Central por que não temos de pagar esta conta: “O Brasil tem petróleo suficiente para o consumo interno e até sobra pra exportar e temos refinarias da Petrobras pra refinar esse petróleo. O custo da empresa é em real. Por que cobrar em dólar da população?”
Ação para dialogar e explicar à população
Em parceria com movimentos sociais e associações de moradores, CUT e sindicatos filiados distribuirão para a população cupons de desconto para a aquisição de botijões de gás com preço inferior ao praticado no mercado.
Os CUTistas vão subsidiar esses produtos para a população, arcando com a diferença do próprio bolso para vender o produto pelo o que deveria ser o preço justo. A ação já foi realizada com sucesso em outras ocasiões, durante a greve dos petroleiros de 2020, quando a Federação Única dos Petroleiros (FUP) subsidiou descontos aos consumidores, para a compra de gasolina e diesel.
O objetivo da ação é dialogar com a população que os preços dos combustíveis poderiam ser menores se o governo mudasse a política de preços de paridade de importação na Petrobras.
Quais os impactos sociais quando a política de nossa maior estatal só atende aos interesses dos acionistas e abre mão de sua função social? Aumento do preço dos alimentos pois, no Brasil, o principal modal de transporte é o terrestre; aumento de acidentes com queimaduras graves, especialmente entre a população mais pobre, que não consegue comprar gás de cozinha e passa a usar outros combustíveis para preparar os alimentos. Esses são apenas alguns exemplos destes impactos.
04 de março Dia Nacional de mobilização
A ação faz parte do Dia Nacional de Mobilização, organizado pela CUT e centrais sindicais, contra a redução do papel do Estado promovida pelo governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL). As pautas incluem a defesa das empresas estatais que são estratégicas para o desenvolvimento do país, com geração de emprego e renda; defesa do serviço público que vem sendo sucateado desde o governo de Michel Temer (MDB-SP) e que agora sofre mais ataques com a proposta de reforma Administrativa; e ainda luta pelo auxílio emergencial para garantir condições de sobrevivência àqueles que perderam sua renda durante a pandemia.
O combate a pandemia de forma eficaz, negligenciado por Bolsonaro, também é pauta de reivindicação neste dia. ‘Vacina Já!’ é a bandeira de luta para que o Governo Federal tome providências urgente e eficazes para garantir a imunização de toda a população para que o país consiga reduzir o número de vítimas da Covid-19.
Para além do subsídio ao gás de cozinha, outras ações estão sendo coordenadas pelas estaduais da CUT em conjunto com movimentos sociais e outras centrais. Leia mais sobre essas ações no Portal da CUT e conheça os locais onde estarão sendo realizadas estas ações solidárias.