É quase senso comum, infelizmente, que “os evangélicos são bolsonaristas”. Nada mais distante da verdade. Ainda que muitos assim sejam e, principalmente, aqueles que detém mídia e popularidade queiram fazer parecer que essa é uma realidade incontestável, eu quero aproveitar a mais recente pesquisa IPEC que mostra Lula liderando a corrida eleitoral entre evangélicos para apresentar a muitos de vocês outras faces desse fenômeno multifacetado e diverso que a é a realidade evangélica brasileira.
Apesar dos apoios “oficiais” de líderes e instituições protestantes/evangélicas (a Igreja Presbiteriana do Brasil e a Convenção Batista Brasileira são exemplos disso) estarem vendidas e submissas ao bolsonarismo, nem todo evangélico/protestante embarca nessa canoa furada e anticristã do apoio ao falso Messias. E há resistências históricas! Na época da Ditadura, por exemplo, um racha na Igreja Presbiteriana fez com que surgisse a Igreja Presbiteriana Unida, publicamente contra o Regime Militar perverso que se instalou no Brasil e teve como um dos principais expoentes o Reverendo Jaime Wright, que juntamente a Dom Paulo Evaristo Arns e o Rabino Henry Sobel compilaram e nos legaram uma das maiores obras denunciativas dos Anos de Chumbo: o livro/documento Brasil Nunca Mais!
Movimentos e coletivos evangélicos que são contra Bolsonaro e seu fascismo, além de defenderem causas sociais e humanitárias, existem aos montes e são cada vez mais ativos e participativos na sociedade brasileira. A Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito é um exemplo disso, resultado da coalizão de forças evangélicas logo após o golpe de 2016. Hoje está presente em quase todos os estados brasileiros e tem feito um grande esforço na luta por democracia e justiça social.
Pouca gente sabe, mas há muitos movimentos de militância dentro das fileiras evangélicas brasileiras: Há o Movimento Negro Evangélico (MNG), as Evangélicas pela Igualdade de Gênero (EIG), Movimento Evangélico Progressista (MEP), Evangélicos Pela Justiça, Coletivo Esperançar, Aliança de Batistas do Brasil (ABB), Evangélicxs (movimento de afirmação da diversidade sexual e de gênero entre evangélicos) que hoje acolhe também o movimento Jesus Cura a Homofobia, Frente Evangélica pela Legalização do Aborto, Cristãos Contra o Fascismo, Bancada Evangélica Progressista e até mesmo o Coletivo Beréia – uma plataforma de pesquisa e denúncia de “fake news” entre evangélicos.
Para terminar, quero elencar aqui uma série de lideranças evangélicas/protestantes que não cansam de denunciar a injustiça social, a exploração do mais pobre, as desigualdades brasileiras, os muitos preconceitos “em nome de deus” e tantas outras mazelas que enfrentamos no dia a dia brasileiro e, principalmente, alavancados e legitimados pelo desgoverno Bolsonaro. Segue então a lista com muitas dessas lideranças para que você conheça um pouco mais dessa face diversa dos evangélicos brasileiros, e que não somos poucos:
Ariovaldo Ramos, Odja Barros, Wellington Santos, Lusmarina Campos Garcia, Romi Bencke, Odenicio de Melo, Ras André Guimarães, Liz Guimarães, Joel Zeff, Eduardo Ohana, Marcos Monteiro, Leonardo Davi Santana, Daniel Santos, Tiago Santos, Elienai Cabral Junior, Henrique Vieira, Alexya Salvador, Ana Ester, Silvia Nogueira, Julio Oliveira, Ronilso Pacheco, Marcos Lima, Felipe Costa, Clemir Fernandes, Christiano Valério, Danilo Gomes, Daniel Dantas Lemos, Felipe Fanuel, Vladimir De Oliveira Souza, Israel Gonzaga, Lucy Luz, Luis Sabanay, Jota Amaral, Neivia Lima, Ricardo Gondim, Will Carvalho, Pacol Vanessa Bruno, Magali Do Nascimento Cunha, Claudio De Oliveira Ribeiro, Carlos Moraes, Joao Carlos Araujo, Carlos Pinheiro Queiroz, Valeria Cristina Vilhena, Lennon Castro, Flavio Conrado, Danilo Mendes, Hermes C. Fernandes, Morgana Boostel, Nilza Valeria Zacarias Nascimento, Cleusa Caldeira, Helivete Ribeiro, Jackson Augusto, Jamieson Simões, Viviane Costa, Luiz Longuini Neto, Andre Musskopf, Nancy Cardoso, Rosália Izidro, Léo Maltrapilho, Gilberto Chagas Jr., João Marcos Bigon, Marcio Retamero, Paulo Saraiva, Ricardo Mendes, Luiz Coelho... E muitos outros.
Destaco, In Memoriam, os queridos Cristiano Fiori e Fidélis Paixão. Que falta vocês fazem!
Trago essa lista para que, sempre que pensarem que “evangélico é tudo fascista e bolsonarista”, reflitam e saibam que ainda há muita gente que leva o Evangelho de Cristo a sério e que, por conta disso, jamais se curvarão ao bolsonarismo ou qualquer outro sistema perverso, excludente e genocida.
Ainda há muita esperança pela frente... Bora esperançar?
**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.