Idiotas querem feijão, patriotas querem fuzil. Bolsonaro é nosso esgoto

A fala de hoje é a síntese da insanidade que vivemos. Se era deboche, loucura ou pura maldade com os famintos brasileiros, pouco importa. Morra de fome e curta a sua estadia no inferno é a mensagem deixada pelo presidente - Por Henrique Rodrigues

Foto: Rádio Planetário FM - Foto: Reprodução
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“É fácil se livrar das responsabilidades. Difícil é escapar das consequências por ter se livrado delas”, diz o aforismo de Graciliano Ramos, o carrancudo romancista alagoano das palavras certas, que com sua aspereza eternizou no panteão das mazelas nacionais a fome, vértice de seu romance cujas personagens sequer têm nome, tamanha a animalização do ser humano pela miséria.

Digo isso para relembrar e reafirmar a responsabilidade de Jair Bolsonaro por toda essa desgraça que nos faz padecer. Nesta sexta-feira (27), o homem eleito para chefiar o Brasil esfregou em nossas caras mais uma vez, só que de maneira ainda mais inacreditável, sua vilania (e quiçá insanidade) ao chamar de idiotas os brasileiros que passam fome e clamam por feijão. Segundo ele, essas almas que sofrem com a carestia deveriam clamar é por um fuzil.

Bolsonaro é nosso esgoto. Não paira qualquer dúvida de que temos o mais abjeto dos seres a nos “dirigir”. Homem mau e investido de uma soberba tirânica, que vem tomando inclusive contornos de patologia mental, ao exigir de seus concidadãos que tenham tara e sede por armas, enquanto a fome lhes tira a paz e embaça a dignidade, guarda seu lugar na galeria das aberrações que um dia foram alçadas a um posto de liderança no mundo.

Com 59% da população em condição de insegurança alimentar, feijão e arroz 60% mais caros em menos de um ano e com os itens do café da manhã desaparecendo da mesa dos brasileiros, chamar de idiotas os 15 milhões de desempregados que não têm como comer (e outros 15 milhões que nem procuram mais por um trabalho) é algo além de cruel, é um recibo do inferno em que fomos colocados por um sujeito que assombra o mundo e demole o país, pilar por pilar, nos deixando lançados sobre os cacos daquilo que um dia despertou-nos esperança.

Se você olha pra isso e segue firme em sua defesa abnegada desse homem em forma de moléstia de caráter, já não temos mais alguém que não se compadece com a falta de dignidade dos outros, mas sim alguém que lançou aos escombros a sua própria dignidade.

**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.