Grave ou não, já se tornou patético Bolsonaro postar foto no hospital com cara de ‘adeus’

Como fez em outras ocasiões, presidente divulga imagem com aspecto de sofrimento junto com texto apelativo. Mandatário usa problemas de saúde sempre que sua popularidade derrete, um circo ridículo, seja lá o que ele tenha – Por Henrique Rodrigues

Edição de imagens (Redes sociais)
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Não interessa se Jair Bolsonaro tem ou não uma enfermidade grave. O fato dele explorar isso de maneira circense, toda vez que leva uma enxurrada de críticas e vê o que resta de popularidade ir por água abaixo, é algo patético e colabora para aprofundar ainda mais esse ambiente de seita apocalíptica que seus devotos impõem ao Brasil.

Até dois dias, com a Bahia e Minas Gerais submersos, a criatura indescritível que ocupa a chefia do Estado brasileiro se esbaldava num jet ski, no baile funk homofóbico improvisado numa balsa e num carrinho do hotwheels, como um adolescente dos mais pirracentos e asquerosos. Foi aí que uma avalanche de críticas vindas de todos os lados o soterrou.

Bolsonaro desceu ainda mais no precipício e vê a cada dia sua popularidade evaporar. Todas (absolutamente todas) as pesquisas de opinião mostram Lula disparado na corrida eleitoral deste ano, na maior parte delas com vitória no 1° turno. Seus índices minguam e já há gente na própria direita radical que enxerga o líder extremista, estacionado na casa do 20%, até mesmo fora de um eventual 2° turno.

Como das outras vezes, Bolsonaro mobilizou um aparato de guerra e foi levado a um dos hospitais mais luxuosos do Brasil. Lá, com uma sonda nasogástrica e pijama, deitou no leito e fez cara de moribundo para ser fotografado. Publicou a imagem nas redes sociais junto com um texto apelativo, como previsivelmente faz. Não demorou muito para que outros figuras de seu séquito fizessem o mesmo, como ministros e a esposa.

Falou que não está bem, que será melhor avaliado e que pode precisar de cirurgia. Na sequência joga a culpa de tudo no seu bode expiatório único: a esquerda.

Se ele está ali, "nas últimas", é culpa do Adélio, do PT e do PSOL. Aí pede a ajuda de Deus e seus fanáticos seguidores hipnotizados elevam o grau do transe e começam a soltar as mais malucas orações para salvar o "PR".

Curioso que aquela figura do militar durão, que não tem medo de nada, que enfrenta o vírus da Covid-19, que prefere perder a vida do que a liberdade, bicho-solto e destemido de-sa-pa-re-ce.

O diabólico e inintimidável capitão-presidente, que enfrenta tanques e fuzis, dá lugar a um melodrama patético que nitidamente é uma peça importantíssima da engrenagem de mentiras, distorções e desinformação capitaneada pelo seu "Gabinete do Ódio".

O filhão Carluxo já correu paras as redes pra mostram o quanto o pai é amoroso, do bem e que estão sendo cruel com ele. Ninguém lembra do 02 dando explicações quando pai falou que "todo mundo um dia vai morrer" e que "não era coveiro" pra falar de vítimas do coronavírus.

Esse circo dantesco, ridículo e constrangedor precisa acabar o quanto antes. A saúde mental do brasileiro precisa se recuperar de toda essa insanidade distópica.

Está doente? Trate-se! É grave? Lance mão dos recursos que estão a seu alcance como presidente! Está bem agora? Volte pra casa e vá trabalhar!

Tudo parece muito simples e dispensa esse teatro bizarro ao qual somos submetidos toda vez que esse sujeito cai em desgraça com o eleitorado.

**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.