COOPERAÇÃO

Israel e Brasil juntos na construção da agro sustentabilidade – Por Ana Beatriz Prudente Alckmin e Rúbia Russi

Unir forças em prol do meio ambiente e do desenvolvimento

Governo Federal (Reprodução).
Escrito en OPINIÃO el

O agronegócio é uma grande potência brasileira, uma riqueza inquestionável do nosso país. Ele se encontra em todos os lugares e tudo que é utilizado pelos brasileiros tem, de alguma forma, conexão com o agronegócio. Então as afirmações “AGRO é POP, AGRO é TUDO” é um fato. Agora, o que precisa ser pensado, é o impacto social e o impacto ambiental desse agronegócio. Se estamos assim tão atrelados ao agronegócio, quais são as contribuições que ele tem dado para a nossa sociedade e no que diz respeito à preservação do meio ambiente.

Para incentivar a troca de tecnologias e experiências na agroecologia, a Invest Paraná e a BRIL Chamber (Câmara Brasil Israel de Comércio e Indústria), assinaram um acordo que tem o apoio do Governo do Paraná e do próprio Estado de Israel. Essa parceria será realizada no município de Pinhais, região Metropolitana de Curitiba, e integrará as iniciativas do projeto "Escola Agrícola 4.0". A iniciativa será implantada com a proposta de ser referência no ensino técnico sustentável no país.

O projeto irá funcionar como um laboratório de práticas agrícolas, que serão reproduzidas futuramente em outras escolas com técnicas agropecuárias no Paraná. A unidade em si também irá recepcionar a futura "Feira Permanente de Tecnologia", no Parque Natural do Iraí.

No mesmo local, além da Represa que é uma das principais fontes de abastecimento da região de Curitiba, o espaço contará com o Parque da Ciência, o Centro de Referência em Agroecologia e o Centro de Educação Profissional Newton Freire Maia.

O número de habitantes do Paraná e de Israel são semelhantes, então mostrou-se indispensável o investimento em tecnologia na agricultura para se ter uma produção mais eficiente e nas condições climáticas mais diversas. Tanto Israel quanto o Paraná, possuem alto nível educacional e mostram um conhecimento substancial no cuidado e na utilização de produtos naturais.

Israel possui mais da metade do seu território composto por desertos, então seus recursos hídricos são escassos, porém, o país trabalhou para que isso não afetasse a produtividade das empresas.

Em contrapartida, o Paraná pensa na criação de um ambiente com fontes de energia renováveis, uso sustentável da água, um ambiente de aprendizado em tecnologia agrícola e soluções para atividades do agronegócio de pequenas áreas como o cultivo protegido de peixes e hortas urbanas.

Dentro da cooperação, também estão sendo formadas três etapas. Na primeira, o Governo do Paraná tem projetos futuros que incluem readequações como a instalação de painéis fotovoltaicos nos telhados, sistemas para o uso e reuso da água da chuva e a instalação de novas estufas. Eles também contam nessa primeira etapa com a troca de informações, como estudos e materiais entre o Centro Estadual de Ensino Profissional Newton Freire Maia e a Escola-Irmã em Israel.

A segunda etapa conta com a construção da Feira Permanente de Tecnologia, que incluirá no seu espaço um showroom de tecnologia, com produtos e experiências inovadoras, assim empresas israelenses poderão apresentar seus produtos ao mercado brasileiro com mais eficiência e em um espaço adequado.

E, por último, a terceira fase prevê a instalação do Espaço Científico-Cultural, que será um local para a prática de experimentos laboratoriais feitos na cooperação, pesquisa de ponta e inovação agropecuária.

O projeto Escola Agrícola 4.0, propõe a criação de um centro de treinamento para agricultores, cooperativas, estudantes, investidores e a população geral, com oferta de cursos, palestras e seminários. Os treinamentos e qualificações serão voltados para as áreas de inovações sociais na agropecuária, empreendedorismo, gestão de negócios, inclusão digital, agricultura de precisão, entre outros.

O centro ainda terá espaço para executar um Hub de Inovação, uma plataforma física de conexão entre novas startups, estudantes, investidores, empresas e usuários com o objetivo de desenvolver novos produtos e tecnologias, em um viés de crescimento para a aplicação no mercado agropecuário, facilitando e criando oportunidades de negócios.

Por fim, o projeto também tem em seus planos futuros introduzir a inteligência artificial e demais tecnologias agrícolas, para se ter um aumento na produção do campo que contará com a redução de resíduos, do desgaste do solo, da contaminação das águas, da perda de plantações e recursos e assim diminuir a perda de recursos econômicos, ao mesmo tempo, promovendo o engajamento do produtor em sistemas de controle e monitoramento que controlam o aumento da produção e a melhoria da qualidade dos produtos.

Bate Papo com o Presidente da Câmara De Comércio Brasil/Israel

Em um bate-papo entre Ana Beatriz Prudente Alckmin e Renato Ochman, o atual Presidente da Câmara de Comércio Brasil/Israel, foram levantadas questões sobre o acordo entre o Governo do Paraná e o Estado de Israel, e como a Escola Agrícola 4.0 irá funcionar na prática.

Ana Beatriz: “E como a sustentabilidade se tornou um valor tão forte na sociedade israelense?”

Renato Ochman: “É uma boa pergunta e um desafio para se responder", responder Ana, mas a sustentabilidade que acompanhei nesses últimos anos enquanto fui membro da Câmara de Comércio (e eu já estou na câmara há mais de 20 anos), o que vemos é uma questão de cultura, né. E o que quer dizer isso? Israel investiu muito, e não foi de agora faz muitos anos, nas universidades, conduzindo pessoas há formações que, na verdade, estão ligadas às necessidades em potencial de Israel.

Então, Israel  é uma região extremamente árida, um deserto no qual não se tem água e, mesmo que esse acesso seja pequeno, Israel se sustenta com água própria.  Nas universidades as descobertas de tecnologias e descobertas que ajudam à área agrícola são muito incentivadas, todo mundo precisa comer, né? Então essa prática sustentável, assim como a saúde, foram as grandes desenvolvedoras de Israel. Tudo começou através de uma questão de formação e conscientização popular, universidades investiram e assim deram oportunidades para as grandes descobertas.”

Ana Beatriz: “Bom, a partir disso, quais são os perfis dos professores da escola agrícola 4.0? Indo para esse projeto em específico, são professores brasileiros ou professores israelenses? E também quero saber se terá educação ambiental no currículo da escola. Como esse tema será tratado por vocês?”

Renato Ochman: “Na verdade, essa escola com conhecimentos agrícolas do Paraná, extremo sul brasileiro, terá também questões técnicas e de tecnologia vindos de Israel. Então será um mix de professores de lá e daqui, vamos fazer na verdade, um apoio de cooperação onde professores técnicos de Israel e do Brasil irão trabalhar juntos para falar e receber todo esse apoio e informações. Enfim, todos vão estar conectados, temos professores de ambos os países.”

*Rúbia Russi é formada em Comunicação Social, trabalha com produção de base na TV Cultura e pesquisa atualidades da política e economia.

**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.