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O que Carlos Bolsonaro foi fazer na Rússia? Às custas de quem? – Por Chico Alencar

Pela enésima vez a história se repete: o papai Bolsonaro viaja e leva a tiracolo uma porção de gente – aí incluídos os filhinhos e alguns amigos. Às custas do Erário. São pessoas que não teriam nada a fazer na viagem.

Carlos Bolsonaro (Redes sociais).
Escrito en OPINIÃO el

Pela enésima vez a história se repete: o papai Bolsonaro viaja e leva a tiracolo uma porção de gente – aí incluídos os filhinhos e alguns amigos. Às custas do Erário. São pessoas que não teriam nada a fazer na viagem.

Foi assim com o filho 02, que atende pelo pitoresco apelido de Carluxo, nesta recente viagem do presidente à Rússia.

As fotos de reuniões com autoridades locais são inacreditáveis: o filho de Bolsonaro aparece sentado à mesa, enquanto ministros brasileiros ficam de pé, por falta de mais assentos.

É verdadeiramente incrível.

Mas, etiquetas à parte, restam outras perguntas, ainda não respondidas.

Primeiro: o que Carluxo foi fazer nessa viagem?

Segundo: levou mais alguém? Qual o papel de cada integrante da comitiva do 02?

Terceiro: de que reuniões participou com sua comitiva especial? Houve apenas reuniões privadas, sobre temas particulares, ou também conversas envolvendo assuntos de Estado?

Quarto: Essa gente viajou no avião presidencial, juntamente com Jair Bolsonaro, ou foi em voos particulares? Neste último caso, pagou de seu próprio bolso a passagem?

Quinto: na Rússia, pagou as despesas de hospedagem e alimentação, ou usou os tais cartões corporativos?

Sexto: é verdade que o assessor Tércio Arnaud, apontado como um dos expoentes dos esquemas de fake news e do chamado gabinete do ódio, fazia parte da comitiva? Em caso positivo, qual a sua função na viagem?

A se confirmar a presença desse cidadão, fica reforçada a suspeita de que Carlos e seus amigos não foram apenas fazer turismo na Rússia, mas azeitar esquemas de ataques às urnas eletrônicas e de difusão de fake news. Volta, então, a pergunta: o que ele foi fazer lá e de que reuniões participou? Quais os resultados para o Brasil e para o Rio, onde ele é vereador?

Não é a primeira vez que, quando interpelado sobre a necessidade de transparência no uso dos recursos públicos, os Bolsonaros reagem como se os questionamentos fossem impertinentes.

Ora, Jair é presidente da República. Três de seus filhos ocupam mandatos parlamentares. Carlos Bolsonaro é vereador no Rio de Janeiro. Deve contas à população carioca. Por isso, fiz questão de perguntar-lhe no plenário: quem pagou a sua viagem à Rússia? O que foi fazer lá, já que não tem qualquer cargo no governo federal? Com quem esteve na Rússia? Que resultados trouxe a sua viagem?

Na sessão, citei o artigo 37 da Constituição e o 45 da Lei Orgânica municipal, que define como princípios da Administração Pública a legalidade, a moralidade, a impessoalidade, a publicidade e a eficiência. O vereador saiu pela tangente e nada explicou: "Se não gostou, pisa no chão, pisa nas calças", foi a estranha resposta que deu. Postura típica de quem pisa na transparência exigida daqueles que exercem mandato público.

De qualquer forma, ele não pode ser acusado de que, enquanto esteve fora do país, não tenha atuado como vereador. Ao seu jeito, sim, atuou.

Enquanto esteve na Rússia, participou, de forma remota, de pelo menos uma votação. Diretamente de Moscou, Carlos Bolsonaro votou contra um projeto de lei, da vereadora Mônica Benício (PSOL-RJ), que institui o Dia Municipal de Combate às Fake News.

**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.