BOLSOLÃO DO MEC

Segredo de confessionário – Por Chico Alencar

Gilmar Santos e Arilton Moura são acusados de fazerem ilegalmente a intermediação para a liberação de recursos do Ministério da Educação para prefeituras alinhadas com o presidente Jair Bolsonaro.

Segredo de confessionário.Créditos: Carolina Antunes/PR
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Nesta semana todos os órgãos de imprensa noticiaram: “Planalto decreta sigilo de cem anos sobre encontros de Bolsonaro com dois pastores lobistas do MEC, que pediram propina para liberação de verbas”. 

Gilmar Santos e Arilton Moura são acusados de fazerem ilegalmente a intermediação para a liberação de recursos do Ministério da Educação para prefeituras alinhadas com o presidente Jair Bolsonaro. 

Eles não ocupam qualquer cargo público que lhes permitisse desempenhar esse papel.

Na agenda oficial do presidente constam três encontros com os dois pastores. Neles estava, além de Bolsonaro, o ex-ministro Milton Ribeiro. 

O jornal “O Globo” pediu por escrito informações sobre esses encontros do presidente com os dois. O Gabinete de Segurança Institucional, chefiado pelo general Augusto Heleno, afirmou que o pedido não poderia ser atendido. A justificativa é que a informação poderia pôr a vida de Jair Bolsonaro e de parentes seus em risco. Por quê? Não explicou.

Os pastores estão sendo investigados pela Polícia Federal. E foram convidados pelo Senado para esclarecer as acusações, mas se recusaram a comparecer.

O que de tão venenoso, tóxico, mortal trataram? O presidente poderia ter o mandato em risco se o teor do que conversaram fosse revelado? Por que razão a sua segurança e a segurança de algum parente seu poderia estar em risco?

Questionado sobre o assunto, Bolsonaro, costumeiramente grosseiro, se superou na resposta a um internauta - Lucas Elias Bernardino - que lhe perguntou no twitter: "Porque para todos os assuntos espinhosos/polêmicos do seu mandato você impõe sigilo por cem anos?". "Em cem anos você saberá" – retrucou Bolsonaro, debochando não só de Lucas, mas de toda a população brasileira, que tem o direito de saber o que os governantes e demais mandatários fazem nas suas atividades públicas.

Outra questão: temos também direito de saber porque uma única empreiteira, a Engefort, abocanhou 70% das verbas oriundas do espúrio "orçamento secreto", controlado por parlamentares do Centrão, que mandam no governo.

Isso tudo sem falar nas vultosas aquisições de Viagra, próteses penianas, remédios contra calvície e botox pelas Forças Armadas. 
Por tudo o que cerca essas compras, elas merecem uma explicação.

Não à toa, estão sendo objeto de chacota nas redes sociais e nas ruas. 

E essa chacota atinge também as Forças Armadas, seja por serem uma espécie de fiadoras do governo Bolsonaro, seja por serem as destinatárias de alguns desses produtos.

Semana Santa: diante de Pilatos, após a tortura, Cristo se calou. Sinal de desprezo pelo poder cruel, o que lhe valeu a crucificação (e, para a fé cristã, a Ressurreição). 

Diante do povo, um governante e agente público que se cala comete crime e esconde corrupção, via dolorosa para a morte política.

É muito desrespeito, é muita bandalha! 

Basta!


 

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