Com uma eventual reeleição cada dia mais distante e isolado no cenário internacional e nacional - mantendo a companhia de parcos companheiros de Centrão e de apoiadores radicais -, Jair Bolsonaro (PL) estaria pensando em desistir de vez dos votos do Nordeste para concentrar sua estratégia de campanha no Sudeste, segundo informações divulgadas pelo Uol com base na apuração da jornalista Thays Oyama, ex-Veja e autora do livro "Tormenta - O governo Bolsonaro: crises, intrigas e segredos".
Ao abandonar o Nordeste - que concentra mais de 27% do eleitorado, segundo o TSE -, Bolsonaro também estaria jogando às traças boa parte dos políticos do centrão da região, que já fazem campanha escondendo o presidente dos santinhos devido ao alto índice de rejeição.
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A estratégia de se concentrar no Sudeste - que tem 42,6% do eleitorado - é, no mínimo arriscada. Para não falar suicida.
Nos três principais colégios eleitorais do país - São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro -, Lula aparece à frente nas pesquisas de intenções de votos. Em território paulisa, Bolsonaro está 15 pontos atrás de Lula e seu candidato, o ex-ministro Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), não decola nem mesmo escondendo o ex-chefe na campanha.
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Na Bahia, quarto colégio eleitoral do país, Bolsonaro já jogou a toalha, com pesquisas registrando em torno de 60% de adesão à candidatura petista.
Em outro prisma, a tentativa de golpe perde força, com a pressão in loco dos EUA para as Forças Armadas - e até o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira - desembarcarem da aventura.
Ao abandonar o Nordeste, Bolsonaro já teria colocado a sua tropa de choque no Congresso para tentar rearticular - sob a batuta de Arthur Lira (PP-AL) - o já surrado PL que daria cargo de senador vitalício a ex-presidentes a partir dele. Em 2015 o PL, então de autoria de Heráclito Fortes, foi menosprezado pelo parlamento.
Bolsonaro, no entanto, contaria com Lira e a tropa do Orçamento Secreto para lhe dar foro privilegiado para enfrentar os tribunais depois de deixar o Planalto.
Bolsonaro pode ser ignorante, mas não é burro. E sabe que pode ter destino certo diante da avalanche de crimes que ele e o clã cometeram. Abandonar o eleitorado do Nordeste nessa altura do campeonato seria dar passos largos rumo a esse destino.
No entanto, há de se considerar o ódio que Bolsonaro nutre pelo Nordeste. E que o ódio cega. Especialmente em momentos de desespero.