FASCISMO NEOLIBERAL

Nova Ditabranda? Folha sela aproximação com Bolsonaro com artigo "Aceitem a Democracia"

Celebrada como "efeito Trump" por bolsonaristas, família Frias flerta com clã admirador da Ditadura com quem divide a simpatia pela política econômica neoliberal

Michelle e Jair Bolsonaro em desfile militar em Brasília em 2022.Créditos: Alan Santos/PR
Escrito en OPINIÃO el

Linha auxiliar da Ditadura Militar no Brasil - que classificou como Ditabranda em editorial de 17 de fevereiro de 2012 -, a Folha de S.Paulo selou a aproximação com Jair Bolsoanro (PL) com a publicação na edição desta segunda-feira (11) de artigo em que o ex-presidente, investigado por tentativa de um novo golpe em 2022, defende a ultradireita neofascista ao pedir que "aceitem a Democracia".

A "democracia" fictícia defendida por Jair Bolsonaro - que acredita que só a Ditadura pode mudar algo no país - e seu clã tem ganhado cada vez mais espaço no jornal da família Frias, que retomou o flerte com o "capitão" após a eleição de Donald Trump nos EUA, confirmada na madrugada da segunda-feira passada, dia 4 de novembro.

A partir do resultado das eleições nos EUA, a Folha abriu espaço, primeiramente, para uma longa entrevista em que o ex-presidente bajulou Trump e acenou ao Centrão, chegando a plantar a informação de que o golpista Michel Temer (MDB) estaria sendo sondado para sua quase impossível candidatura à presidência em 2026.

"Acredito que o Trump gostaria que eu fosse elegível. Ele que vai ter que dizer isso aí, mesmo que tivesse conversado com ele, não falaria. Tenho certeza de que ele gostaria que eu viesse candidato. Está na mídia, não sei se é verdade ou não, eu não falo sobre esse assunto, é o [Michel] Temer [MDB] de vice", disse.

A "mídia" citada por Bolsonaro é o Blog do jornalista paranaense Esmael de Moraes, que afirma que Bolsonaro quer Temer como vice por causa das "boas relações com ministros do STF, como Alexandre de Moraes, Barroso e Gilmar Mendes" e para cooptar novamente o Centrão, tirando definitivamente o MDB da base de sustentação de Lula no Congresso.

A informação plantada por Bolsonaro foi tratada como chacota por Temer, que humilhou o ex-presidente.

"Desde aquele episódio com o Alexandre, Bolsonaro me pede palpites de vez em quando. Mas nada mais do que isso", declarou o emedebista.

Eduardo Bolsonaro

A entrevista com Bolsonaro, no entanto, foi explorada à exaustão pela Folha, que reeditou as falas do ex-presidente em diversas outras "reportagens".

Na edição deste domingo, o jornal da Família Frias publicou nova entrevista, desta vez com Eduardo Bolsonaro (PL-SP), feita na Flórida pela correspondente do jornal nos EUA, onde o filho "02" acompanhou a vitória de Trump de dentro da mansão do Republicano, no resort de luxo em Mar-a-Lago.

Sem perguntas incomodas, Eduardo defendeu a tese de que a eleição de Trump "tem total impacto" no Brasil, especialmente nos planos do clã para se vingar do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

"Eu diria que o impacto está muito mais no poder que terá agora os Estados Unidos contra os abusos de autoridades patrocinados por um ministro do STF", disse Eduardo.

O filho do ex-presidente ainda ainda comparou o pai com o mandatário estadunidense em achaques públicos para reverter a inelegibilidade decretada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

"Se o Trump voltou aqui, então tem a chance de Bolsonaro voltar lá. Certamente a Suprema Corte ficará menos confortável para fazer perseguições. Porque, vamos ser sinceros, não tenho outra palavra para usar", disparou.

O jornal ainda abriu espaço para Eduardo atacar Lula. ""O Bolsonaro está inelegível por quê? Porque ele se encontrou com embaixadores? Porque subiu num carro de som e discursou, um carro de som que foi pago pelo [pastor] Silas Malafaia, e aí foi condenado por abuso de poder político? Lula foi condenado por lavagem de dinheiro, por corrupção. Então, sim, eu acredito que dá para reverter [a inelegibilidade]".

Efeito Trump?

A aproximação entre a Folha e Bolsonaro, selada com o artigo do ex-presidente golpista defendendo a "democracia", está sendo tratada pelos bolsonaristas como "efeito Trump".

Alçado por Bolsonaro ao Ministério de Minas e Energia com a missão de fazer uma privatização à jato da Petrobras - felizmente, sem sucesso -, Adolfo Sachsida foi um dos aliados que comemorou a aproximação com a Folha, ferrenha defensora das políticas privatistas neoliberais.

"Excelente texto do Presidente Jair Bolsonaro. Convido a todos para uma reflexão sincera e para um importante debate de ideias", escreveu na rede X.

Em grupos bolsonaristas, a publicação do artigo foi comemorada por "furar a bolha" da ultradireita neofascista.

A aproximação mostra que a Folha já trabalha com a hipótese de Bolsonaro reverter a inelegibilidade e ser ele - e não o cortejado Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) - o representante do neoliberalismo na disputa contra Lula.

E, para a família Frias, não interessa quem ou o quê esteja no poder, desde que defenda pautas em prol de seus negócios.

A Folha há tempos deixou de ser o principal empreendimento da família, que agora foca nos lucros obtidos com seu banco, o Pag Bank, que registrou lucro líquido de R$ 542 milhões no segundo trimestre de 2024 - crescimento de 31% em comparação ao mesmo período do ano anterior.

Para continuar lucrando na ciranda do sistema financeiro, a família Frias faz de tudo. Até abrir espaço para uma nova ditabranda com artigo mandando que "aceitem a democracia" descrita por Jair Bolsonaro, que já confessou que "através do voto você não vai mudar nada nesse país, nada, absolutamente nada" antes de tentar o golpe de Estado em 2022.
 

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